SANGRANDO
Hoje minha poesia sangra...
E daí que ela se esvaia
em roxo/ azul-royal/ verde-bandeira,
se uma criança-velha, agora, chora
largada como um traste
num corredor de hospital
de alguma circunscrição territorial
desta vastíssima nação..?
Verto ardido sal pelos irmãos que,
nas piores horas da vida,
quando deveriam receber atenção da mátria nação,
são tratados piores do que bandidos...
Pelos que, além de sofrerem a dor corporal,
sofrem a da alma, pelo abandono...
Por isso sangro minha dor do país.
Derramo meu coração pelos humildes
que votaram na mulher [que empunhou arma para vencer]
por uma bolsa-esmola, porque lhes faltou escolas...
Hoje arredo o rito,
recolho minha eva sonhadora,
engulo a seco a minha vergonha,
e grito.
Janet I. Zimmermann
(Imagem via Nádia Andrighetto de Lima)
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