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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Lágrimas...



Um amigo casual observou que "as lágrimas não são produzidas fisiologicamente, e sim pela alma"... Objetei - e completo aqui a minha argumentação:

DESCREVEMOS A TRISTEZA POR QUE DENOTAMOS QUE ESTAMOS ALTERADOS EMOCIONALMENTE POR MEIO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR, AUMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL, OU PELO CHORO... FICAMOS TRISTES PORQUE CHORAMOS, E NÃO O CONTRÁRIO... PRIMEIRO CHORAMOS, COMO RESPOSTA AUTOMÁTICA DO SISTEMA LÍMBICO, PARA SÓ ENTÃO CONVERTER A SENSAÇÃO E A EMOÇÃO SENTIDA EM UM SENTIMENTO SOBRE O QUAL PODEMOS FALAR, OU CONFABULAR INTERNAMENTE... DENOTAMOS O AUMENTO DOS BATIMENTOS CARDÍACOS, RUBOR NA FACE, LÁGRIMAS, ETC, E DENOTAMOS AQUILO QUE CONVENCIONAMOS CHAMAR DE TRISTEZA... QUEM PRIMEIRO NOTOU ISSO FOI WILLIAM JAMES (1842-1910), CONSIDERADO UM DOS FUNDADORES DA PSICOLOGIA...

Lágrimas:

A lágrima ou fluido lacrimal é um líquido composto por água, sais minerais, proteínas e gordura, sendo produzido 'fisiologicamente' pelas glândulas lacrimais [ou sistema lacrimal], localizadas nas pálpebras superiores do olho humano. A produção de lágrimas serve para lubrificar e limpar o olho. É produzido em grande quantidade quando alguém chora. O filme lacrimal, que recobre a córnea e a conjuntiva bulbar, é constituído por três camadas. A mais externa, formada por lipídios originados pela secreção das Glândulas de Meibômio, e tem como função atrasar a evaporação de água. Em seguida temos a camada aquosa, contendo - naturalmente - água, além de sais minerais, complexos imunológicos, entre outras substâncias, sendo responsável pela oxigenação do epitélio corneal, e também proporcionando à córnea uma superfície óptica regular e lisa. Por fim, a camada mais interna, em contato com a superfície corneal, é constituída por glicoproteínas segregadas pelas glândulas caliciformes, permite que a fase aquosa hidrófila se espalhe sobre a córnea hidrofóbica, transformando a córnea numa superfície hidrófila. (Fonte: RODRIGUES, Greice; 'Rio de Lágrimas'; São Paulo: Editora Três, ISTOÉ n° 1865, página. 40-41, 13 de julho; 2005)

As lágrimas são essenciais para a saúde ocular, mantendo o olho úmido, lavando para fora a poeira e os detritos, proporcionando a neutralização dos microrganismos 'em' e 'ao redor' dos olhos. Quando a síndrome do olho seco ocorre, o olho é incapaz de produzir uma quantidade suficiente de lágrimas ou as lágrimas são compostas de produtos químicos que intensificam a sua evaporação. Embora, a maioria dos pacientes experimentem apenas sintomas de leve a moderados, os sintomas da síndrome do olho seco podem ser graves e extremamente dolorosos, além de desconfortáveis, muitas vezes levando à intervenções cirúrgicas, evitando assim que o olho se seque.

Só nos Estados Unidos, cerca de 5 milhões de pessoas acima de 50 anos experimentam sintomas severos da síndrome, pelo menos uma vez na vida. Mais da metade desses pacientes são mulheres. Além disso, dezenas de milhões de americanos experimentam ligeiros ou moderados sintomas da síndrome do olho seco - de acordo com a HealthyWomen.org. Em seu estado grave, a síndrome pode resultar severa diminuição da produção lacrimal, além de outras anormalidades na produção do muco. Um paciente que sofre de síndrome do olho seco pode enfrentar experiências persistentes e dolorosas, bem como uma sensação avassaladora de queima ou de coceira nos olhos. Os pacientes também relatam a “sensação de um corpo estranho”, como se um objeto houvesse entrado dentro do olho; também podem experimentar a sensação de secura arenosa, arranhadura, ou como um filme sobre os olhos. A visão turva, a hipersensibilidade à luz e a vermelhidão dos olhos também são sintomas da síndrome em seu estado grave. Estes sintomas podem piorar em climas secos ou em condições de vento. Os sintomas também podem se tornar mais graves no final do dia ou após períodos prolongados exigindo alta atividade dos olhos - o que inclui leitura, uso de computadores ou assistir televisão.

Se não cuidada correta e imediatamente, os sintomas ligeiros ou moderados poderão facilmente escalar para casos mais graves. Além disso, o equilíbrio do pH dos olhos de alguns pacientes pode torná-los mais suscetível ao problema. O transtorno aumenta a sua incidência como parte do processo natural de envelhecimento, afetando principalmente mulheres na menopausa; no entanto, também pode ocorrer como resultado de reações medicamentosas, incluindo antidepressivos, anti-histamínicos, medicamentos para controle da pressão arterial, doença de Parkinson, e contraceptivos orais. A Síndrome do Olho Seco Grave também pode acometer pacientes que vivem em locais secos ou poeirentos, e sujeitos ao vento constante. Sistemas de ar condicionado para resfriamento ou aquecimento, inclusive em carros, também podem desencadear e agravar a síndrome, desidratando o olho. 

A desordem é também pode resultar de doenças genética e crônicas, incluindo a artrite reumatoide, lúpus, rosácea ou síndrome de Sjogren - uma tríade de boca seca, olhos secos e artrite reumatoide ou lúpus. A síndrome de Sjogren é uma doença autoimune que destrói as glândulas que produzem lágrimas e saliva, causando boca e olhos secos. No entanto, a doença pode afetar várias partes do corpo, inclusive os rins e os pulmões. Sendo uma doença autoimune, a síndrome pode atacar tecidos saudáveis. A síndrome ocorre principalmente em mulheres entre 40 e 50 anos. Ela é rara em crianças.

O uso de lentes de contato por muito tempo também podem resultar na síndrome, assim como o fechamento incompleto dos olhos por má formação genética, ou doenças nas pálpebras. Apesar de síndrome do olho seco não pode ser impedida, seus efeitos colaterais podem ser atenuados, quando o olho aflito é tratado corretamente. Isso inclui diminuir a exposição aos agentes causadores, a utilização de filtros de ar em quartos empoeirados, o uso de compressas mornas sobre as pálpebras, e a aplicando gotas lubrificantes para os olhos - pelo menos quatro vezes ao dia. Se assistindo televisão, lendo ou usando um computador, também é útil fazer pausas frequentes para permitir que os olhos relaxem. O uso de umidificadores de ambiente também está aconselhado.

Em casos extremos ou cirúrgicos, um procedimento conhecido como oclusão pontual pode ajudar a diminuir a drenagem normal de suas lágrimas para fora do olho - aplicado na parte posterior do nariz e na garganta. Este procedimento é relativamente simples e leva apenas alguns minutos. Outro procedimento envolve a colocação de 'plugues' para a drenagem das lágrima, bloqueando o fluxo constante de lágrimas que evadem do olho. A cirurgia mais grave implica ter os drenos de lágrima permanentemente fechados, geralmente por incineração (cauterização) ou tratamento a laser. Este procedimento, no entanto, é extremamente difícil e caro, e os resultados são irreversíveis.

Por que choramos quando cortamos cebolas e o que a ciência pode fazer a respeito? Cebolas geneticamente modificadas não faz chorar... A planta foi obtida por meio do silenciamento do gene que codifica a enzima que leva às lágrimas. As lágrimas geradas por uma cebola são um mecanismo de defesa da planta. Quando o vegetal é cortado, ralado ou quebrado, aminoácidos sulfóxidos e uma enzima particular da cebola são liberados. A enzima transforma os sulfóxidos em vapor que, em contato com os olhos, causa irritação. 

O laboratório do Dr. Colin Eady, localizado na Nova Zelândia, desenvolveu uma cebola geneticamente modificada (GM) que acaba com as lágrimas “desligando” essa enzima. A cebola GM veio da descoberta, por cientistas japoneses, do gene da planta responsável pela produção das lágrimas. Diferentemente de outros produtos GM, no caso dessa variedade de cebola, a enzima não é neutralizada pela adição de um gene ao genoma da planta. Nesse caso, o gene foi silenciado pelo processo de RNA interferência, e assim, os sulfóxidos não são convertidos nos agentes que levam ás lágrimas. 

“Ao “desligar” o gene do fator lacrimogêneo, conseguimos impedir a formação de enxofre, tornando-o assim disponível para ser transformado em outros compostos, a exemplo daqueles relacionados ao sabor ou às propriedades nutritivas da cebola”, afirma o pesquisador. (Fonte: Growers for Biotechnology - Maio de 2011)

A expressão popular derramar lágrimas de crocodilo, usada para dizer que alguém chora sem razão ou por fingimento, tem a sua origem na natureza dos crocodilos. Quando o animal come uma presa, ele a engole sem mastigar. Para isso, abre a mandíbula de tal forma que ela comprime a glândula lacrimal, localizada na base da órbita, o que faz com que os répteis lacrimejem.

Os bebês choram sem lágrimas... Se o seu bebê chorar e as lágrimas não escorrerem, não pense que há algum problema com o pequeno, ou que é apenas manha: até os dois meses de vida, aproximadamente, o choro é sem lágrimas. Isso acontece porque eles ainda não têm a necessidade de umidificar os olhos.

O choro seco, ao nascer, é seco e possui função fisiológica. Quando no útero, o feto é oxigenado pela placenta. Depois que o bebê nasce, o choro serve para abrir os pulmões e permitir a passagem do ar. É também graças ao choro que o bebê consegue se comunicar nos primeiros meses de vida, até que começa a emitir outros sinais ou falar suas primeiras palavras. (- See more at: http://www.xalingo.com.br/blog/2011/08/voce-sabia-que-os-bebes-nao-produzem-lagrimas-nos-primeiros-meses-de-vida/#sthash.tsDkbFiG.dpuf)...



É isso aí... Espero ter contribuído na elucidação sobre o caráter eminentemente fisiológicos das lágrimas, e do seu amplo espectro de funcionalidade...

Carlos Sherman

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