Imagem: O mercado de escravos, óleo sobre tela, Jean-Léon Gérôme, c. 1867 - Instituto de Artes Sterling & Francine Clark
Publicado por 'Políbios de Megalópolis':
"ESCRAVIDÃO.Os brancos eram os mais procurados. Durante séculos, os califas islâmicos gastaram fortunas nos mercados de escravos para comprar "os melhores artigos": homens, mulheres e crianças provenientes da Espanha, da França e da costa dos Bálcãs. (...) Desde o século VII, as guerras de conquista comandadas pelos primeiros califas permitiram abastecer os mercados de escravos do Oriente, e esse movimento continuaria durante mais de mil anos. Nas sociedades muçulmanas, fundamentalmente escravagistas, a demanda por homens, mulheres e crianças era constante. No início, os brancos eram os mais procurados. (...) Se o tráfico de escravos brancos continuou um mercado muito rentável até o século XIX, os mercadores muçulmanos também se interessaram bem cedo pelos recursos humanos da África negra. Em 642, apenas um ano após a ocupação do Egito, uma primeira expedição dirigiu-se ao sul, em direção à Núbia, onde um rei local aceitou pagar um tributo anual de 360 escravos de ambos os sexos. A partir do final do século VII, tropas muçulmanas passaram a atacar os berberes do Saara ocidental e, no século XI, começaram a cruzar o deserto. Por muito tempo, essas expedições transaarianas teriam apenas um impacto limitado. Contudo, no século XVI, o paxá de Argel, Salah Rais, deu início à conquista do Império Songhai, maior reino da África ocidental na época, o que lhe abriu as para a exploração das riquezas da região. Em 1552, ele se apossou de Timbuktu, maior centro comercial do reino, e leiloou mais de l0 mil negros. Em 1591, os marroquinos ocuparam Gao, no rio Níger, e destruíram o Império Songhai: a partir de então, eles estavam prontos para controlar todo o comércio de escravos. (...) Até o século XVI, o tráfico negreiro foi praticamente monopólio do mundo muçulmano, e os mercadores, árabes ou persas, vendiam escravos negros, famosos pela sua força e seu vigor, na costa do Mediterrâneo, assim como em todo o oceano índico, e até na China, onde um mercado negreiro se desenvolveu em Cantão. A venda de escravos Ihes permitia comprar todos os produtos de luxo do Oriente, como pérolas, tecidos indianos ou porcelanas chinesas. (...) O tráfico muçulmano, no entanto, sobrevive até os dias de hoje - mesmo que a escravidão tenha sido oficialmente eliminada na Arábia Saudita em 1962 e na Mauritânia em 1981, ela ainda persiste em alguns países, em especial na Mauritânia e no Sudão. Embora uma avaliação seja muito difícil, estima-se que de 15 milhões a 20 milhões de negros, no mínimo, foram deportados desde o século VII.
Fonte: LAURENTVISSIERE. História Viva n 88.
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