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sábado, 27 de abril de 2013

Rifa, 59 voltas ao redor do Sol...

A minha última mensagem de aniversário ao RIFÃO...

Parafraseando Vinicius, não fazemos amigos, reconhecemos amigos, e o Rifa reconheceu à cada um de nós... 

Nunca me esquecerei do conceito cunhado por ele, da homoternura, 'o amor entre homens sem penetração'... E aquele jeito único de cruzar as pernas, sorrindo com todo o seu rosto fraterno e acolhedor, cigarro na mão, e pronto para desafiar algum conceito, e fustigar a experiência de estar vivo... 

Tenho muito vívido em minha mente, quando precisei faltar a um Cela por estar em Cali/Colômbia, mas senti saudade do Rifão e liguei... Ele estava descendo para Santos logo após a reunião, de madrugada, somente para curtir o momento ao som de um CD do Supertramp - Live in Paris - que eu havia gravado pra ele... Como bem sei que ele apreciava um 'scotch', tratei de acompanhá-lo na descida e na subida, para garantir que ele chegasse em segurança... Não falemos da conta telefônica, em uma ligação internacional, originada em um hotel, e com a duração de duas  - deliciosas - horas... 

E não posso esquecer quando liguei pra ele, em uma noite incomum, à procura de uma amigo... Ele me acolheu em seu apartamento, e passamos a noite acordados, homoternos, e amanhecemos juntos na 'padoca' perto de seu apê... Inesquecível... 

Sinto um aperto que transcende a tristeza, afinal ele viveu como quis... Mas sinto uma angustiante sensação de 'desperdício'... Afinal o Rifão era tão jovem em corpo e ideias... Lúcido. intenso, sensível, inesgotável... Não pude me despedir como gostaria, pois percebi que ele buscava certa introspecção... Sei, por meio de amigos comuns que ele não sentiu medo... Sei pela sua 'inseparável' companheira, que ele estava tranquilo... E então assim foi a vida deste homem notável: o nosso RIFA... 

Antonio Rifa Filho (30 de janeiro de 1954 a 27 de Abril de 2013), muito mais do que um grande homem... 59 voltas ao redor do Sol, em alta velocidade, atravessando nossas 'vidas' e deixando marcas indeléveis... Humano, troppo umano... 



Carlos Sherman

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