Dedicado à minha 'vovó Daci'...
E quanto a ti, Vida!!!
Morte, e quanto à ti?
E quanto a ti, amargo abraço da dor?
É inútil tentar impedir a dilacerante sensação de perda...
E esta sensação sem par, de que a estamos abandonamos...
Mas querida, também nos abandonaste...
E tão já, tão inesperadamente, tão pronto...
Não foi possível torcer por ti, e nem lutar...
Alguns fitavam a porta flexível à espera de notícias, ou de você,
Enquanto outros atenderam ao telefone que logo emudeceu,
Para então saber que não irias mais voltar...
E ficamos olhando ao redor, e a procura de alívio...
Para chegar aqui, e a este encontro,
Onde ansiamos todos, e unidos, por algum tipo de libertação...
Morte, e quanto a ti?
Penso que já não nos ofende tanto...
Mas é inútil tentar impedir a dilacerante sensação de desperdício...
Aspiro o perfume dessas rosas brancas que enfeitam o seu destino,
Para debruçar-me solene, sobre o leito "doce e sereno",
Que agora e sempre, servirão de abrigo para cada átomo que outrora te constituiu como vida...
E quanto a ti, Vida?
Reconhecemos sedes o hiato da morte,
E o desenrolar irônico de tantas perdas, e tantos encontros...
Escuto o murmúrio das vidas, que agora contemplam a sua morte, neste semi-círculo...
Ah querida, se já não dizes nada, o que poderei então dizer?
Te recordaremos então, amor, e amiúde,
Na bruma matinal dos ‘Outonos’ que vestem cada campina,
Ou quando o Sol descer ao precipício de um novo crepúsculo sussurrante...
Levantarei os olhos para a Lua, e levantar-me-ei na noite,
Para perceber que uma débil luminosidade insiste e trepida no escuro,
Refletindo aquilo que ainda é vida...
E só me lembrarei dos sorrisos teus, todos os sorrisos que pude testemunhar...
Carlos Sherman
(inspirado em Walt Whitman)
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