Homeopatia, 'quanto mais ineficaz melhor'...
A crenças na 'homeopatia' sugere que se ingerirmos chumbo teremos uma paralisia músculos, que poderá levar à morte, logo o chumbo poderia levar à cura se fosse usado em dosagens 'infinitamente' mais baixas - até não haver mais chumbo algum, rsrsrsrs... Em quantidades mínimas, não só o efeito desaparece como troca de sinal, por assim dizer: diluída, a substância se tornaria capaz de despertar uma ação regeneradora do organismo... Quanto mais diluída melhor... Simplista e falacioso...
"A homeopatia está entre os piores exemplos de medicina baseada na fé", contestam Michael Baum e Edzard Ernst na edição de novembro do periódico "The American Journal of Medicine"... Médico e pesquisador alemão, Ernst trabalhou com homeopatia em Viena; hoje professor de medicina complementar na Universidade de Exeter e Plymouth (Reino Unido), tornou-se um de seus mais ácidos críticos...
"Esses axiomas não estão só em desalinho com fatos científicos, mas também em direta oposição a eles", diz o artigo. "Devemos manter a mente aberta para astrologia, motos-perpétuos, alquimia, abdução por aliens e visões de Elvis Presley?"...
A Câmara dos Comuns na Inglaterra lançou em 2009 uma ofensiva contra a homeopatia por meio de seu Comitê de Ciência e Tecnologia... A conclusão do relatório final, publicado na internet em fevereiro, não poderia ser mais severo:
"Ao oferecer a homeopatia no NHS [Serviço Nacional de Saúde] e ao permitir que a MHRA [Agência Reguladora de Remédios e Produtos de Saúde] licencie produtos que depois aparecem nas prateleiras das farmácias, o governo corre o risco de endossar a homeopatia como sistema médico eficaz. [...] A homeopatia não deve ser financiada pelo NHS, e a MHRA deveria parar de licenciar produtos homeopáticos."
Um relatório parlamentar acusava os homeopatas de manipulação da literatura médica, privilegiando estudos positivos para confundir o público...
"Perguntamo-nos se algum tipo de evidência demoveria médicos homeopatas de sua autoilusão", afirmam Baum e Ernst no comentário em que fecham as mentes para a doutrina, "e os desafiamos a projetar um ensaio metodologicamente sólido que, se negativo, os convença a abandonar o ramo."
Em 2010 a homeopatia completou 200 anos da publicação de sua bíblia sagrada, "Organon da Arte de Curar", obra do alemão Samuel Hahnemann (1755-1843)... Mesmo numa época em que a medicina convencional envenenava e sangrava pacientes, a implausibilidade dos princípios homeopáticos já chocava... Em 1842, um ano antes da morte de Hahnemann e dois após a introdução da homeopatia no Brasil, sua doutrina já era amplamente ridicularizada, assim como o seu princípio da 'dinamização' (diluições sucessivas), que sobrevive como alvo preferencial dos inimigos da homeopatia no reino da ciência estabelecida... A comissão parlamentar britânica, por exemplo, descartou completamente o poder curativo dos medicamentos homeopáticos - 'ultradiluídos'... E mostrou-se tão segura desta decisão que recomendou a interrupção até das pesquisas sobre a eficácia da homeopatia...
Uma análise profunda - publicada em 2005 pela revista "Lancet" - levada à cabo peor grupo de pesquisa suíço-britânico, sob a coordenação de Aijing Shang e Matthias Egger, reuniu resultados de 110 estudos de homeopatia e medicamentos convencionais, com amostras variando entre 10 e 1.573 pacientes... As conclusões foram amplamente desfavoráveis para a homeopatia, demonstrando que os seus resultados clínicos não seriam mais que efeitos placebo... Em seu editorial, a "Lancet" permitiu-se, até, alguma ironia:
"Quanto mais diluídas se tornam as evidências em favor da homeopatia, mais cresce a sua popularidade"...
VESTÍGIO ROMÂNTICO - Para o filósofo Sloterdijk, o fascínio da homeopatia deriva de um vestígio romântico, a noção de que tudo no mundo é eloquente... A natureza fala por meio do corpo doente, mas numa língua que ele não entende mais...
Organizado por Carlos Sherman
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