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terça-feira, 10 de maio de 2011

Sobre Martha Medeiros...



Martha Medeiros escreveu:

“Eu acredito em Deus. Mas não sei se o Deus em que eu acredito é o mesmo Deus em que acredita o balconista, a professora, o porteiro. O Deus em que acredito não foi globalizado. O Deus com quem converso não é uma pessoa, não é pai de ninguém. É uma idéia, uma energia, uma eminência. Não tem rosto, portanto não tem barba. Não caminha, portanto não carrega um cajado. Não está cansado, portanto não tem trono. O Deus que me acompanha não é bíblico. Jamais se deixaria resumir por dez mandamentos, algumas parábolas e um pensamento que não se renova. O meu Deus é tão superior quanto o Deus dos outros...”...

E depois:

O Deus em que acredito não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinha. Não me abandona, mas me exige mais do que uma visita à igreja, uma flexão de joelhos e uma doação aos pobres: cobra caro pelos meus erros e não aceita promessas performáticas...”...

E finalmente:

Não posso imaginar um Deus repressor e um Deus que não sorri. Quem não te sorri não é cúmplice...”...

Lindo texto, contraditório, e vazio... Vai do nada ao lugar algum... Bem ao estilo Martha Medeiros... Projetando suas manias, “achismos”, crenças, vontades e até  caprichos; como se fossem verdades universais... Sua visão individual deve ser respeitada, mas se os horizontes se estendem para o plano das idéias gerais, seria melhor estudar e manter um mínimo de coerência... Para garantir um mínimo de utilidade...


Gosto de muita coisa que Martha Medeiros escreve, mas como iconoclasta, não estou em busca de ídolos e sim de idéias... Cada texto de Martha Medeiros vale como um texto, e não mais... E como texto precisa ser bom... Acho que Martha encontrou a receita do sucesso, e acho que ela aborda de forma muito inteligente diversos temas, mas é só mais uma escritora, como tantas outras... Sua fama Global não me deslumbra...


Martha em outro texto pede para traçar uma "linha amarela", em sinal de ATENÇÂO, para salvar o "sagrado de cada um"... Por que precisamos de tanta proteção e não-me-toques, para entrincheirar verdades ou hábitos? E ela também defende os hábitos sobre a razão, sempre recheando com palavras de efeito e lugares-comuns... Qual é o problema em evoluir? Martha acredita que nasceu escrevendo e dotada in natura pelos mesmos pontos de vista que cultiva até aqui? Por que quer parar de aprender e amadurecer? Só uma explicação me vem à mente: capricho... E como tem dado certo, porque mudar, não é mesmo? Errado... Pode ser melhor, mas não advogo em nome do perfeito, e sim do simplesmente melhor... Sempre... O melhoramento contínuo...

Fico feliz porque Martha já conseguiu entender o absurdo do deus bíblico... Fico desanimado porque ela não tem a coragem de admitir que fala apenas de um processo íntimo, uma invenção pessoal, e portanto não precisaria se chamar: "deus"... Ela tenta contemporizar com “o meu deus”, que é diferente do deus da “balconista, a professora, o porteiro”... Mas, “é tão superior quanto o Deus dos outros”... Tudo muito inútil...

“Meu deus não é globalizado”... Não? Não tem alcance global, mundial? Ou será que o clichê da não-globalização renderia maior audiência? Tudo pela fama, um "deus" que "não é deus", uma "onipresença" que "não é global"... 

O Deus-Martha "Não tem rosto, portanto não tem barba", mas "sorri"? "É uma energia", mas tem julgamentos morais, "não é tão bonzinho: me castiga e me deixa uns tempos sozinha"... Bem freudiano, bem pessoal, e inútil...Se não causasse tanto mal, digo, a psicanálise... 

Martha Medeiros escreve muito bem, mas escreve bem melhor do que pensa... Martha joga pra galera, e tem uma legião de fãs e seguidores, mas de fato, vale mais pelos aforismos do que pela coerência... Coerência não é o forte de Martha, que frequentemente despreza o pensamento, para na frase seguinte reclamar da estupidez e da ignorância... Egocentrica, "eu, eu, meu, minha", mas como disse, escreve muito bem... Talvez seja por isso que, com tantas incoerências convença a tanta gente... Pela verborragia...

Somos mesmo atraídos por ídolos, ou por aqueles que assumem a postura de sentenciar... Como Martha... Mas não basta evocar rimas, dar ritmo, e fazer uma sopa com clichês e palavras bonitas, ou estrategicamente controversas... É preciso fazer sentido... A poesia na sua intimidade não admite críticas, é íntima e pode ser qualquer coisa... Mas versar sobre verdades universais precisa trazer alguma substância incorporada... E coerência... Ou não será mais do que NADA...

Parece ser que, Martha define o seu Deus, como a sua imagem e semelhança... Será que ela á Deus? Ou acredita que seja?

Carlos Sherman

  

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