50 TONS DE CINZA - O ABSURDO PEDE PASSAGEM
A resenha e as reflexões de Isabella Pessotti - mais abaixo - são definitivas... Bravíssimo... E fui chamado de anti-romântico por detestar esta auto-ajuda erótico-patológica para mulheres frustradas...
As reflexões de Isabella, abaixo citadas, deveriam suscitar um mínimo de reflexão... e silêncio... Mas certamente reverberarão a típica polarização... De uma lado as noveleiras que agora se sentem emancipadas por uma asseverada contradição em termos e tons... de outro lado as protagonistas de suas próprias vidas que veem muitos tons de muitas cores há muito tempo... sem manual... e ainda assim gozando gostoso...
É a mesma merda quando um grupo de mulheres desprezadas decide aprender dança do ventre, pole dance, para estimular o "maridão", e dar uma "apimentada" fantasiosa naquilo que já não é real... Que porra é essa? Mudem de vida, sem a necessidade de amargar um papel ridículo... garantido pela adoração a este "Crepúsculo" para vivos mortos - ao invés de mortos vivos... E entendam: ELE NÃO GOSTA DE VOCÊ - não importa o quanto chacoalhe...
Querem erotismo ensandecido com cumplicidade? Assistam o clássico "Império dos Sentidos"...
Os comentários até aqui são de minha inteira responsabilidade... E que venham as pedras, rsrsrs, seria bem bíblico...
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Por Isabella Pessotti:
Há algo de patológico aqui. Um significativo contingente de mulheres enlouquecidas por 50 tons, o Best seller que virou filme, que conta a história de um cara rico, mimado e dominador que cobre de porrada e de presentes uma menina submissa, insegura e apaixonada por ele.
Mulheres molhando a calcinha por todo ocidente com as cenas clichê descritas no referido livro, desejando trombar um Sr. Grey na próxima saída, um sintoma de que muita gente ainda entende a posição social feminina de um jeito triste pra dizer o mínimo, uma figura frágil, comprável, convencível, obediente e objeto do prazer alheio (tendo prazer com isso).
O pior do passarinho na gaiola é que ele canta feliz!
Eu li o livro. Uma bosta! Uma versão de "Julia" "Sabrina" só que com penetração e chicotinho.
Sabrina, os diamantes são eternos" ou " Julia, aventura no Everest" eram a literatura feminina proibida dos anos 80. Enquanto os homens podiam comprar revistinha da Ciciolina, fotonovela de foda explícita e playboy. Aí vc junta num jantar a luz de velas uma leitora de Sabrina esperando diamantes e declarações e um fã de Emanuelle 5, e não entende porque não rola um a química.
Tiazinhas reprimidas merecem mais. Merecem ser autoras da sua sexualidade em vez de sonhar que um Sr. Grey venha pagar a conta é proporcionar o orgasmo perdido.
Se o Josué pedreiro bate na muié dele, é Maria da Penha. Se o Sr Grey, leva pra andar de helicóptero, paga o jantar e chama de princesa, pode bater ué... Troca de favores.
Amor não dói. Amor cuida.
Relações abusivas se vê aos montes. Consensuais, contratuais. Amor é um negócio bonito, livre, orgânico, não tem nada a ver com essas construções sociais que tão vendendo com o nome de "amor"...