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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Lawrence Krauss & Richard Dawkins - Alguma Coisa do Nada - Parte 1-7 (LE...

Deus, um caminho desesperado...



'Deus' é um argumento preguiçoso, desesperado e 'interesseiro'... Além de falso... Eu posso esperar para saber, eu posso trabalhar obstinadamente pela verdade, mesmo que a verdade não seja uma boa notícia, ou conveniente à minha condição... Posso e desejo viver pela REALIDADE, deuses e amuletos já não me satisfazem, afinal amadureci...

Carlos Sherman

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sobre ambição desmedida, revoluções, formigas, e homens...





O que é UTOPIA?

Segundo a enciclopédia Britannica...


(...) Utopia, é uma comunidade ideal, cujos habitantes vivem em condições 'aparentemente' [grifo meu] perfeitas. Disso, advém o conceito de utópico, utilizado para designar visionário, ou queque tende a ser impossivelmente idealista.

A palavra 'utopia' foi criada por 'São Sir Thomas More', e foi cunhada em 1516 já no título de sua publicação, em Latim, "Libellus... de optimo reipublicae statu, deque nova insula Utopia" - cuja tradução seria algo como "Ponderando sobre o mais elevado estado da república e a nova ilha Utopia"... A palavra 'utopia' é uma composição de palavras gregas para "não" (ou) e "lugar" (topos), significando assim "lugar nenhum"... Veremos a seguir, que o neologismo não poderia ser mais apropriado para designar o fantasioso 'estado' idealizado por More, e que segue o modelo de outra célebre fantasia pueril, a 'República' de Platão... Tais pérolas da ficção - seção 'Contos de Fadas' - viriam a ser convertidas, em sua versão gótica, siderúrgica e fanfarrônica, no terrível tropeço 'marxista' - que melhor seria descrito, pelo grau de irrealidade, pelo neologismo 'marxiano'...

'São Sir Thomas More' (1478-1535) foi um homem de estado, diplomata, escritor, advogado e ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra... More descreveu a si mesmo como um homem "de família honrada, sem ser célebre, e um tanto entendido em letras"... Era filho do juiz Sir John More, e foi investido cavaleiro por Eduardo IV - daí o Sir... Apesar de ser considerado um dos grandes humanistas do Renascimento, foi canonizado como 'santo' pela 'Santa' Igreja Católica em 9 de Maio de 1935, e sua 'festa litúrgica' é celebrada em 22 de Junho - daí o São... É mole? 


More, teve profunda influência sobre Montaigne, que por sua vez foi devorado por Rousseau e que finalmente foi canibalizado por Marx; em outra vertente pode ter sido absorvido pelo freudismo - mas esta é outra estória dentro da História... Mas o conceito de 'utopia' foi idealizado e encenado por 'São Sir Thomas More' em sua obra magna, hoje conhecida singelamente como 'Utopia'... Segundo vários historiadores, More ficou fascinado pelas extraordinárias narrativas de Américo Vespúcio sobre a recém avistada ilha de Fernando de Noronha, em 1503... More então idealizou um lugar novo e puro onde residiria uma sociedade perfeita... O termo passou então a designar a ideia de uma civilização perfeita, imaginária, fictícia... Um "lugar que não existe", e que teimo em insistir, um lugar que não seria bom para viver...

A utopia de More descreve uma sociedade organizada 'racionalmente', que estabelece - impõe - a propriedade comum dos bens... Não enviam seus cidadãos à guerra - salvo em casos extremos -, mas contrata mercenários entre seus vizinhos mais belicosos - ops!!!...  Todos os cidadãos da ilha vivem em casas iguais, a diferença interpessoal - e natural - não é considerada... Trabalham por períodos no campo e em seu tempo livre se dedicam a leitura e a arte... Mas quem proverá a leitura e a arte, e de onde virão as diferenças artísticas, diante de tal modelo 'uniformista'? Toda a organização social da ilha conduz à completa dissolução das diferenças e a fomentar a igualdade... Não apenas condições iguais, mas pessoas moldadas como iguais, com rotinas iguais... E este é o problema... Por exemplo, todas as cidades são geograficamente iguais, e na "ilha" impera uma "paz total" e uma "harmonia de interesses resultante de sua organização social", utópica... O homem e sua variantes genéticas, neurofisiológicas, bioquímicas, não tem lugar... Na ilha todo conflito foi eliminado, assim como suas potenciais possibilidades de materialização... Tudo isso é verdadeiramente assustador, além de completamente irreal, infantil e pueril... 

Em geral se concebe como comunidade utópica uma sociedade 'perfeita', embora 'inexistente', nos moldes paradisíacos, mas sem explicar claramente como tal 'milagre' será obtido, e sempre partindo da falsa premissa de que 'somos todos iguais', e desprezando a força imperativa da genética, acentuando as nossas salutares e necessárias diferenças... Exacerba-se a figura de um organização completamente equitativa na distribuição dos recursos, a partir da eliminação de nossa impulsão natural ao empreendimento, em diferentes medidas... Queremos coisas diferentes entre nós, e entre nós e o conceito de 'perfeição messiânica' de More... O que é perfeição para More pode ser o inferno para outros...

Na Utopia de More todos os suprimentos necessários à sobrevivência são oferecidos gratuitamente, e ninguém retira mais do que necessita, e não há necessidade de estocar alimento, já que é oferecido em abundância - rsrsrsr, ai ai... Apesar do dinheiro não ser necessário, este é acumulado pela república utópica pela venda de matéria-prima para outras nações e às vezes é usado para financiar guerras no exterior - rsrsrsrs, infantil e realmente 'utópico', posto que tal sistema, se completamente isolado e diminuto em população, e contando com a sorte de suprimentos 'infinitos' em termos de alimento e energia, poderia até merecer alguns minutos de atenção, mas considerando o seu convívio com outras repúblicas não utópicas, fatalmente seria contaminado pela LIBERDADE...

More no entanto foi um homem coerente, e cuja retidão não pode ser retocada... Recebeu uma tremenda batata quente ao substituir o Arcebispo de York como chanceler no histórico divórcio e seguido de anulação de casamento de Henrique VIII... Na queda de braço entre o Vaticano e o rei inglês, foi a cabeça de More que rolou... Henrique VIII rompeu com a Santa Sé, sagrando-se líder espiritual da Igreja Anglicana... More recusou-se a prestar juramento ao rei na figura de líder da Igreja da Inglaterra naquele que ficou conhecido como o Ato de Supremacia... Pelo atrevimento  de More, em toda a exuberância de sua Integridade Intelectual - divergências conceituais à parte - o réu foi condenado "a ser suspenso pelo pescoço e cair em terra ainda vivo, para depois ser esquartejado, e finalmente decapitado"... Mas, em "consideração" à importância do condenado, o rei, "por clemência", reduziu a pena à "simples decapitação"... More foi decapitado e teve a sua cabeça exposta durante um mês na Torre de Londres... 

Morreu um homem digno, íntegro até o fim - embora o seu pensamento sob muitos aspectos não tenha passado de 'utopia' e moralismo eclesiástico... More foi então considerado pela Santa Sé como um modelo de fidelidade e martírio em nome da Igreja, tendo sido, portanto, canonizado por decreto papal em 1935 por Pio XI... Mas sua atitude representou muito mais do isso, More foi fiel à sua consciência enfrentado a arbitrariedade, o que merece o mais profundo respeito humano...

A 'república' utópica de More, no entanto, já havia sido preconizada e encenada por Platão (427-347 AEC), em seu programa estatal impraticável, onde a justiça seria encontrada se - de forma um tanto simplista - "todos fizerem seu trabalho e cuidarem dos próprios assuntos"... Mas se não der certo pouca importância terá pois Platão profetiza de maneira incrivelmente vaga:

"(...) talvez no outro mundo ela esteja assentada como um modelo, um modelo que aqueles que o desejarem poderão contemplar e, assim, conseguir pôr em ordem as próprias cidades. Se tal cidade existe - ou se de fato existirá - não importa, pois tais pessoas viverão à maneira da cidade ideal e nada terão a ver com qualquer outro modelo"

Isso é ridículo... Leia mais uma vez, sem esquecer que este é o idolatrado e endeusado Platão... Sim... Foi ele mesmo quem escreveu está imbecilidade, esta pérola do non sense, esta verborragia vaga e vazia, que vai do nada ao lugar algum, em um parágrafo longo... Mas vamos adiante na República utópica de Platão, inspiração para More, e berço para viagem marxista... Veja como Platão começa sua República anedótica:

- Sócrates: Vamos considerar, antes de mais nada, como o modo de vida dos cidadãos, agora que assim os estabelecemos. Não produziram cereais, e vinho, e roupas, e calçados, e construirão casas para si? E quando estiverem abrigados, trabalharão, no verão, comumente, despidos e descalços, mas no inverno substancialmente vestidos e calçados. Eles se alimentarão de farinha de cevada e de trigo, assando-as e sovando-as, preparando bolos nobres e pães; eles os servirão sobre esteiras de junco ou folhas limpas, deitando-se enquanto comem sobre leitos espargidos com teixo e murta. E se regalarão com os filhos, bebendo vinho que fermentaram, com grinaldas na cabeça e cantando hinos em louvor aos deuses, em alegre conversação uns com os outros. E tomarão cuidado para que o tamanho das famílias não extrapole seus recursos/ prevendo a pobreza ou a guerra.

Rsrsrssrs, e então Glauco - adoro este cara - interpela:

- Glauco: Mas você não lhes deu qualquer condimento para as refeições.

Rsrsrsrs, estou transcrevendo a 'famosa' República de Platão, não é uma redação do meu sobrinho na quarta série, nem um papo gourmet entre Palmirinha e Ana Maria Braga... Mas Sócrates leva a sério, afinal isto é uma República - cuidemos do cardápio gastronômico de TODOS OS DIA ora bolas!!! -, e anui ao pedido de Glauco:

- Sócrates: É verdade, havia esquecido. É claro que devem ter condimentos - sal, olivas e queijo, e cozinharão raízes e ervas, dessas que costumam preparar as pessoas do campo. Para sobremesa lhes daremos figos, ervilhas e feijões; e assarão bagas de murta e bolotas de carvalho na fogueira, bebendo com moderação. E com tal dieta podem esperar viver em paz e saúde até idade avançada e legar uma vida semelhante aos seus filhos após a morte.

A expectativa de vida média em na Grécia de Platão - e Sócrates - girava torno dos 40 anos de idade - similar ao Homem de Cro-magnon no Paleolítico Superior - há 40.000 anos... O sentido da República de Platão parece escapar completamente a Sócrates - este Sócrates platônico -, a menos que seja só isso, uma discussão superficial e mega-utópica sobre "figos, ervilhas e feijões"... Este é o 'estadozinho frugal minimalista e vegetariano', pra lá de utópico, deste 'Sócrates platônico'; e vejam, estão discorrendo sobre a formação de um estado, e começando por definir o seu cardápio gastronômico... Estas são transcrições da República de Platão:

A exegese de tais obras não deixa dúvida sobre a força da velha crença dominante de que a natureza humana não passa de uma 'tábula rasa' - termo cunhado por John Locke (1632-1704) -, uma folha em branco no qual a personalidade e o caráter, são impressos por meio da cultura e do processo de socialização; desprezando inteiramente a condição natural do ser humano, em favor de uma 'sociologização' do comportamento... 

Tal premissa equivocada, nortearia o pensamento ocidental, de Platão a Marx, passando por More, Montaigne e Rousseau, para citar apenas uma das inúmeras ramificações que tal doutrina - a tábula rasa - produziu... O freudismo e as próprias tradições espirituais, navegaram a mesma nau... Não somos produtos do meio, com Marx 'reafirmou'... O aprendizado do meio, possibilitado e dirigido por nossa genética, operando a partir de nosso bioquímica e neurofisiologia, constitui o nosso complexo comportamento... Conceitos utópicos, como a "construção do novo homem" de Lenin, não só são uma caricatura falaciosa da realidade, como não passam de um "novo homem" 'segundo a visão leninista-marxista', utópico, irreal, e surreal... 

Os séculos vindouros tratariam de cristalizar o conceito de utopia como uma saída crítica - e possível (será?) - para escapar de regimes perversos e arbitrários, como a Inglaterra de Henrique VIII, a partir da elucubração de um estado ideal, mas 'atingível pela ação racional do homem social', e a partir de sua luta para converter-se em seu contrário, 'o bom selvagem', o puro ser primitivo, preenchendo a tábula rasa, a partir da correta doutrina sociológica... Mas se a própria sociologia depende da complexidade e da evolução do homem primitivo, como ficamos? Um Reductio ad absurdum parece inevitável, não acham? Claro que sim... 

Ou seja, utopia passou a designar a idealização de nosso desígnio mais nobre, repletos de ingenuidade, justiça e otimismo - ou ilusionismo... Ou talvez, a promessa vazia, e não testada, de uma organização impossível de ser realizada, posto que está fundamentada em falácias, remetendo à pura fantasia ou ficção filosófica... 

O grande problema do marxismo, reside no fato de que Marx -  administrado e financiado por Engels - decidiu deixar o mundinho utópico da especulação filosófica, e partir para a ação... E este movimento derramou muito sangue, e atrasou a saga humana... Pelo menos hoje sabemos 'o que não funciona'... Impor, arbitrar, sob pretexto de romper o estado de imposição e arbítrio, é apenas trocar seis por meia dúzia... Mas muto pagaram com a vida, na Era da Utopias, nas mãos do fanatismo marxista, de viés leninista-stalinista, maoísta, ou sistemas análogos, como o hitlerismo e o fascismo em todas as suas modalidades...

O "Socialismo Utópico” tornou-se assim, a encarnação da ingenuidade do retorno ao 'bom selvagem' de Rousseau, a partir do idealismo possível da 'tábula rasa' de Locke, e tudo isso envolto em cinismo e ilusão fervorosa... Este manancial de bondades, deveria ser convertido em ação, e foi, a partir do Manifesto de Marx, em benefício de uma versão atuante da organização socialista, apresentada como única solução possível, e salvação messiânica, para romper séculos de miséria e sofrimento, o Samsara civilizatório, encerrando, portanto, um ciclo de 'vidas sociais', em reencarnações históricas, em favor da LUX MARXIANA... A assim foi, movido por tais desígnios 'religiosos', que as bandeiras foram 'içadas', assim como os fuzis, em nome do amor, no melhor estilo bíblico, e mais uma Cruzada varreu a Terra... Triste destino...

Marx e Engels argumentavam que não partiam de meras fantasias 'platônico-moreanas-rousseaulianas' - entre outros teóricos como Tomaso Campanella, de Charles Fourier, de Robert Owen ou de Pierre-Joseph Proudhon -, mas sim de um modelo real, baseado apenas na crítica radical da situação existente, com base em sua visão do Leviatã Capitalista... Se a situação pode ser concebida ideologicamente, logo ela é real, rsrsrsr.. Será??? E então podemos prever mecanismos para modificá-la, e então a modificação de algo 'real' deverá ser 'real'... Certo???? Depende... 

Partindo das doutrinas da 'tábula rasa' e do 'bom selvagem', estaremos tentando modificar a realidade com varinhas de condão... Achando que podemos dizer à 'humanidade' o que eles devem querer, e com que deverão se contentar, estaremos confrontando a realidade com irrealidade... Mas, a partir da 'constatação óbvia', ao menos para Marx e Enegls, de que o capitalismo encerrava uma contradição em si, explicada pelo dogma do "caráter social da produção", e de sua consequente "apropriação privada", nefasta, indevida, através das hábeis maracutaias capitalistas, e munidos do chavão da "luta de classes", o povo foi conclamado a governar, em um colossal gesto de populismo utópico...

O caráter “científico” do socialismo marxista foi consagrado na "Introdução à Crítica da Economia Política" - também de Marx -, onde, resumidamente, é afirmado que em algum ponto do processo de desenvolvimento - capitalista -, as forças produtivas da sociedade - trabalhadores - entraram em choque com as relações de produção existentes - relações de empregatícias e de trabalho, iniciativa privadas -, e tal conflito deflagra a ruptura entre a "superestrutura" da sociedade, relativa ao caráter social das relações de produção, e a sua base, dominada pela apropriação privada dos meios de produção - pelos capitalistas malvadões - claro... 

Uma era revolucionária então abre caminho, com foice e martelo, e muita violência... E a "nova sociedade emerge da velha para realizar a reconciliação entre forças produtivas", ou 'o juízo final'... pomposas palavras, e uma respeitável inteligência à serviço de uma falácia utópica baseada em falsas premissas... Então, as relações de produção, sem os grilhões da propriedade privada e da opressão política das classes dominantes sobre a maioria da população, avançaram em direção à vida eterna... E provavelmente em direção à um novo ciclo, de conflito e ruptura - a reencarnação... Marx agrada a gregos, 'goianos', cristãos e budistas, com uma s´´o 'escritura sagrada'... 

Foi o que se viu... O marxismo e seus ritos sagrados, por mais que sejam negados, provaram na prática, a infantilidade de seus postulados... Não significa que o Socialismo/Comunismo verdadeiro ou puro, não foi 'ainda' tentado, significa que esta ilusão é deveras irreal, inverossímil, piegas, populista, e, portanto, impraticável; i.e., UTÓPICA...

Segundo a fábula anedótica, no melhor estilo bíblico, o socialismo seria uma espécie de purgatório, a partir do qual atingiríamos o nirvana comunista... Uma espécie de ilha de Lesbos, o Eldorado, a Ilhota de More ou a república platônica... A verdade inequívoca, é que o 'MUNDO MARXIANO' trata messianicamente de "figos, ervilhas e feijões", enquanto dá volta e voltas, em linguagem empolada e circular, baseando-se nas doutrinas superadas da 'tábula rasa' e 'do bom selvagem'... 

O 'bom selvagem' evoluiu para a realidade, na organização social a partir de anseios de decorrência genética, que culminam em comportamentos culturais - e sociais - e não o contrário... Empreendemos porque somos impelidos a isso, porque advém da natureza humana... A 'tábula rasa' de Locke, está sendo preenchida pela Genética e pela Neurociência, e o panorama é bem distinto da doutrina do homem como produto do meio...

Finalmente, a própria sociologia, que é parida neste estado de coisas, pelas ideologias do final do século XIX, está assentada sobre falácias... Durkheim promulga que "omnia cultura ex cultura", ou que o fenômeno cultural - ou social - só pode ser explicado pelo fato cultural - ou social... Ledo engano... 

OMNIA CULTURA EX HOMINEM

Não são apenas infindáveis dados estatísticos e científicos, mas também um sem número de experimentos que 'comprovam' que a mente humana não está sujeita à este nível de maleabilidade, da construção leninista do "homem novo", nem por meio da mal entendida 'plasticidade neural'... Não é por acaso que tal estado hipnótico, utópico, que irrompeu com a foice sangrenta e o martelo aterrador, no século XIX, alardeando profeticamente sobre 'a obsolescência das democracias', 'o ideal revolucionário', 'abolindo toda forma de policiamento interno e defesa armada de territórios', e apregoando a boa nova de que 'a sociedade pode e deve ser organizada de cima para baixo', tenham freado o seus ímpetos com o fim da década de 1960... Tudo isso era e é falso... Parafraseando Pinker, a visão trágica e a visão utópica inspiraram bizarras manifestações históricas, que só podemos perceber com clareza, depois que a poeria baixou - e os corpos foram sepultados... Podemos hoje contabilizar esta experiência na Psicologia Evolutiva e Comportamental, enquanto a Sociologia deve calar e aprender...  

Foi neste campo de batalha, que E. O. Wilson estréia o seu conceito de Biologia Evolucionista e Genética Comportamental, na década de 1970, quando o balanço está sendo feito... O ideário 'revolucionário' está 'morto' - assim como deus -, a tábula rasa - e sua negação da natureza humana, e da potência daquilo que é inato -, a falácia do bom selvagem - que repudia os nossos instintos e diferenças, em favor de um 'santidade' ou pureza original -, e o fantasma da máquina - uma alma imaterial, uma mente que pode escolher melhores arranjos sociais... Os pedaços de tais falácias estão atirados ao chão... E ali estavam cientistas falando em 'genes egoístas', falando no impulso pessoal para a auto-preservação e de seus parentes genéticos, falando sobre a impulsão na defesa do 'nós', que questiona e se confronta com são 'eles'... Analisando de perto o altruísmo, pertinência ou não, e causas, assim como o racismo, o sentimento nacional, a adesão política e religiosa... Analisando as diferenças entre a genética e o comportamento de gênero, analisando a pertinência do senso moral, do interesse pessoal e de grupo, e analisando sobretudo a nosso tendência ao auto-engano... Cientistas analisavam os conflitos em função do interesse genético, dependentes de nosso comportamento social como animais, e não como seres superiores... A máxima darwiniana alcança o status de profecia - cumprida -, eramos finalmente descritos como animais, e diferenciados em nossa atividade 'mental' - cerebral -, apenas por uma questão de GRAU, de grau de complexidade, e não de TIPO, de tipo de sistema neural... E asseguravam aos proponentes da visão trágica, de que a 'tragédia', a luta, a "luta de classes", a disputa, eram consequências naturais de nossa condição HUMANA - troppo umana...

A visão utópica é solapada, e esquecida no horizonte... Parafraseando Pinker, seguem alguns bons motivos para confrontar falsas ideologias - fantasiadas ora de esquerda ora de direita, conservadores ou liberais, mas embaladas por ôba-ôbas utópicos e falaciosos:

1. A primazia dos laços familiares em todas as sociedades humanas e em todos os tempos, e a consequente demarcação entre 'nós' e 'eles', assim como a atração pelo nepotismo e pela conceito de herança patrimonial e de privilégios sociais;

2. A universalidade do etnocentrismo, da hostilidade entre grupos em todas as sociedades conhecidas, bem como esta hostilidade pode irromper entre diferentes grupos dentro de uma mesma sociedade ou cultura;

3. As limitações reais da partilha comunitária de bens de consumo;

4. O etos humano da reciprocidade - payback -, e o colapso de contribuição para bens públicos quando a reciprocidade não pode ser implementada;

5. O fenômeno do Social Loafing: em Psicologia social, o social loafing caracteriza-se pelo fato de que muitas pessoas exercem menos esforço para alcançar um objetivo, quando trabalham em um grupo, do que o esforço que poderiam produzir se trabalhassem sozinhas... Este fenômeno é visto como um dos principais fatores para a improdutividade, considerando o desempenho combinado entre os membros de um grupo... As soluções estão relacionadas com modelos de gestão, controle e estímulo... O social loafing também está associado a dos outros fenômenos: a Teoria do "Free-Rider" e o "Efeito Aproveitador";

6. Teoria do Free-Rider: em Economia, Psicologia e Ciência Política, e negociação coletiva, o problema do free rider é descrito como uma situação em que os indivíduos ou organizações consumem mais do que deveriam, ou representando 'um ombro a menos' para dividir o peso equitativo dos custos de produção... O extremo deste comportamento seria o 'parasitismo', considerado como um severo problema econômico, quando leva à não-produção ou sub-produção de um bem público ou privado, mas eminentemente relacionado ao uso excessivo de um bem comum - i.e., à ineficiência de Pareto. O problema do free rider tem raízes profundas em negociações de forma geral, e em questões relativas à compatibilidade de incentivos... Em uma dada negociação, seja ela contratual, laboral, os participantes muitas vezes podem oferecer menos do que eles estão dispostos a pagar na esperança de melhorar a sua própria posição... Isso cria problemas, porque desconhecemos as curvas de desempenho dos competidores, e a mais valia poderá ficar comprometida, mas cabe ao gestor, corrigir desvios iniciais, provenientes da barganha, analisando a curva de desempenho;

7. O Efeito Aproveitador: considera a diferença inerente a cada ser humano, e trata da resultante exercida por um grupo, para compensar o peso de indivíduos ineptos ou ineficientes - geneticamente... Ringelmann, precursor dos estudos nesta área, descobriu que, em geral, membros de um grupo tendem a exercer menos esforço para puxar uma corda do que indivíduos sozinhos - isso também repercute quando envolvemos a tecnologia, grupos online, etc... Além de características genéticas e neurofisiológicas, e culturais, observa-se que o fenômeno está relacionado com a percepção individual, de que o seu esforço não será repercutir como um problema para o grupo;

8. A universalidade de conceitos como a dominância de uns sobre outros, liderança versus anuência, assim como a universalidade da violência - assim como a solidariedade -, mesmo entre os caçadores coletores, considerados falaciosamente como pacíficos... E o respectivo conhecimento atual, sobre os mecanismos genéticos e comportamentais que fundamento tal distribuição de conduta;

9. A importância da hereditariedade sobre o comportamento, e sobretudo sobre a inteligência, a conscienciosidade, as atitudes sociais e anti-sociais, assim como a tendência a refletir a violência, e a tendência a aprender com os seus próprios erros... O que implica sempre, que algum tipo de desigualdade será esperada sobre o resultado, mesmo vivendo em situação igualitária, e partindo dos mesmos recursos... Devemos almejar sociedade igualitárias em suas regras, mas precisaremos entender que o resultado será individual, e dependerá de questões involuntárias como a genética... Este é o conflito entre igualdade e liberdade;

10. Certa predominância dos mecanismos de auto-defesa, de parcialidade em defesa do interesse próprio, acompanhado dos respectivos desvios de confirmação e da redução da dissonância cognitiva - caminho pelo qual as pessoas iludem a si mesmas em relação às sua autonomia, integridade e sabedoria;

11. A parcialidade do senso moral humano, o nepotismo, o corporativismo, em função do interesse próprio;

12. A suscetibilidade ao comportamento pautado por tabus, falso moralismo, e a subsequente tendência a confundir moralidade com conformidade e alinhamento ideológico, hierarquia;

A primeira revolução deflagrada com uma visão nitidamente utópica, foi a Revolução Francesa... Na visão 'poética' - quase apologeta - do poeta William Wordsworth, a natureza humana "parecia renascida"... Era somente um desvio de confirmação, uma dissonância cognitiva, parecia mas não estava renascida, e o tempo testemunharia esta realidade... A nobre revolução pretendia derrubar o "ancien régime" - como aliás prescrevem os ritos de todas as revoluções -, para dar lugar ao "nouveau régime"... E a História viria a registrar 'um pouco mais do mesmo', nas 'revoluções' que se seguiram...

A 'salvação' viria pelas cabeças da autoridade empossada, composta por uma estirpe de líderes moralmente superiores, e claramente lembro de ter lido sobre isso, na figura do personagem platônico 'Sócrates', e lembro-em ainda de haver indagado: 'mas quem escolherá os líderes, sábios, e aqueles que são moralmente superior?'... E a santíssima trindade revolucionária, os nobres ideais de "Liberté, Egalité, Fraternité", entre um grito e outro, entre o som do cadafalso e da guilhotina... 

Robespierre, outrora fiel defensor dos direitos humanos e civis, firmava o destino de centenas, e depois milhares na engenhosa máquina de matar - sem dor - do Doutor Guillotin... Este mesmo 'líder', após abolir as religiões, trata de originar um outro culto, desta vez à Deusa da Razão, e de quebra a si mesmo... Mas em 6 de junho de 1794, o rolar das carroças silenciou e a guilhotina ficou imóvel... Robespierre promulgara um novo feriado religioso: o Festival do Ser Supremo... Ele queria substituir o antigo deus judaico-cristão-islâmico-espírita, por um novo, a Deusa da Razão... Mera falácia nomotética...

Ele patrocinou esse culto ao Ser Supremo em junho de 1794, com coros de gente vestida de branco e uma montanha de papel machê no centro de Paris. E num momento crítico da cerimônia, o próprio Robespierre emergiu do topo dessa montanha trajando uma toga, e descendo.” - David Bell

A 'Revolução' mandou um líder após o outro, do "ancien régime", para o para a guilhotina, mas depois os homens moralmente superiores começaram a discordar entre si sobre 'moralidade', e os líderes do "nouveau régime", foram convocados para perder suas cabeças... Um a um, conforme fracassavam os "humanos renascidos", foram sendo eliminados, até que já não era possível diferir os antigos usurpadores dos novos... A rotatividade de tais líderes, que não se mostravam à altura da missão moral, além de não denotarem suficiente sabedoria, produziu consternação, e um vácuo preenchido pela tirania napoleônica...


'Liberdade, Igualdade e Fraternidade', como princípios, devem ser pensados, proferidos, mas sobretudo praticados... Se o 'processo' revolucionário começa a não praticar as palavras que proferiu, alguma coisa está cheirando mal; e não é somente o queijo Roquefort...


A Revolução Russa encenou a mesma peça, revestida apenas por uma sombra gótica... O Comunismo trilhou caminho similar, mas bem piorado e macabro, na URSS e na China, assim como os seus regimes subsidiários no Vietnam, Korea, e Cuba... Trata-se de uma falácia nomotética, um novo nome para o mesmo fim, a crença na crença, mesmo recheada de algum racionalismo e intelectualismo, mas em flagrante atentado e contraste com os próprios fundamentos da lógica, do racionalismo e de COERÊNCIA - ou Ética, se preferirem -, mas sobretudo em contraste com a realidade humana, com a realidade sobre o comportamento humano... A ditadura, a supressão dos direitos individuais, através da prestidigitação pseudo-racional, pseudo-intelectual, não passou e não passa de falácia...


Nas sábias palavras de Camus - um homem livre e coerente:


"Contar-se-ão nos dedos da mão, os comunistas que chegaram à Revolução pelo estudo do marxismo... Convertem-se primeiro e só depois leem as Escrituras..."

Albert Camus
(O Homem Revoltado - L´homme révolté)


A Revolução Russa também veio embalada pela visão utópica, e também executou os seus líderes, até fixar-se no culto à personalidade de Lenin - o messias, o enviado, o beatificado -, para finalmente desembocar no açougue stalinista... A Revolução Chinesa 'pôs fé' na sabedoria, moralidade e benevolência de um homem, que finalmente demonstrou ser o exemplo perfeito para a antítese simultânea deste três conceitos... Mao superou-se em matéria de ambição, tirania, luxúria, crueldade, delírio e auto-engano...

Não existem dúvidas de que a natureza humana é a maior prova da futilidade das revoluções políticas, baseadas meramente na ambição, delírio, vontade, e conceitos 'morais' de um par de líderes revolucionários, carismáticos e irresponsáveis, quando não padecem de severas psicoses... Nas sábias palavras do grupo inglês The Who:

"Meet the new boss; same as the old boss" ("Apresento-lhes o novo chefe; igual ao velho chefe")

Este não é pois, uma ode à passividade, nem um ato derradeiro de conformismo... Ao contrário, trata-se da atitude corajosa de indispor-se com os velhos e novos líderes, para acentuar a necessidade de entender a natureza humana, para que possamos promover um melhoramento contínuo... A história das culturas não deixa dúvidas sobre o processo social humano, contínuo, dinâmico, convergente, contingente... Escrevi certa vez, na letra de uma de minhas canções: "a história não começa aqui, os ritos da guerra, e o poder como fim"...

Thomas Sowell - economista, crítico social, comentarista político e autor - salienta que o marxismo é um híbrido de duas visões, pois invoca uma descrição trágica do passado, criticando os modos de produção anteriores, com a falsa dicotomia da escolha entre somente duas formas de organização social, o feudalismo e o capitalismo 'selvagem'; enquanto invoca - por outro lado - uma visão utópica para o futuro, na qual poderemos moldar - sem maiores dificuldades - a nossa natureza, e toda a natureza humana, em plena interação dialética com um "Novo Mundo", seus meios materiais e sociais... As pessoas serão motivadas pela auto-realização, em vez do auto-interesse - "De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades" -, segundo a visão profética - e bíblica - de Marx:

"Na fase superior da sociedade comunista, quando houver desaparecido a subordinação escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho e, com ela, o contraste entre o trabalho intelectual e o trabalho manual; quando o trabalho não for somente um meio de vida, mas a primeira necessidade vital; quando, com o desenvolvimento dos indivíduos em todos os seus aspectos, crescerem também as forças produtivas e jorrarem em caudais os mananciais da riqueza coletiva, só então será possível ultrapassar-se totalmente o estreito horizonte do direito burguês e a sociedade poderá inscrever em suas bandeiras: De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades." - Karl Marx

Marx buscou inspiração na Bíblia, mais especificamente no "Novo Testamento", e na parábola sobre o "Reino de Deus":

"E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe." - Mateus [25:15];


"Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade." - Atos [2:45];

"Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade." - Atos [4:32-35];

Marx tinha verdadeira obsessão por sagra-se um personagem histórico, e persegue este objetivo sem escrúpulos, sua 'revelação' tem similaridade com a iluminação messiânica budista, judaico-cristã-islâmica, e também com a auto-análise freudiana... E sua 'missão messiânica', histórica, pode ser melhor absorvida com a leitura do seguinte 'versículo marxiano':

"(..) a genuína resolução do antagonismo entre homem e natureza e entre homem e homem; é a verdadeira resolução do conflito entre existência e essência, objetificação e auto-afirmação, liberdade e necessidade, indivíduo e espécie. É o enigma da História resolvido"

O que não é capaz de fazer um bom contador de estórias, e uma boa estória... Ao mesmo tempo me sinto enternecido e aterrorizado com este pensamento... Bons contadores de estórias promoveram a morte, em larga escala... Belíssimas palavras, pomposas, magnânimas, mas inteiramente falsas, e baseadas em suposições equivocadas, que levariam assassinos a esconderem-se sob o manto de ideólogos... Tal mensagem resume a tragédia gótica e a utopia fútil da mensagem marxista, além da presunção de um homem... Marx imaginava que seriamos perfeitamente adestrados, assim, num átimo, desprezando pelo menos a História, já que pouco sabia sobre a Evolução, e nada sabia sobre a Genética e a Neurociência Cognitiva... Mas ainda assim, a desculpa da contextualização não soluciona o problema... Muitos dos seus contemporâneos poderiam ter originado as ideias marxista, e de certa forma o fizeram, mas a ambição obstinada de Marx, além da falta de escrúpulos, adicionou um ingrediente à mais, transformando Marx no efetivo profeto do marxismo...

Marx fez pouco caso do legítimo - e consagrado - temor de Bukinin - Mikhail Aleksandrovitch Bakunin -, sobre a escalada do despotismo e do autoritarismo em os trabalhadores 'apoderados' - os eleitos... Marx deu de ombros, em seu populismo barato, fútil, infantil, mas também irresponsável e inescrupuloso:

"Se o senhor Bakunin fosse conhecedor apenas da posição de um gerente de uma cooperativa de trabalhadores, poderia mandar para o diabo todos os seus pesadelos sobre autoridade."

Poderíamos rolar de rir, se a tragédia marxiana não houvesse destroçado com a sua estupidez um bom pedaço de nossa História... E o que Marx tinha em mente, quando se referia a 'trabalhadores'? Todos somos de alguma maneira trabalhadores... Todos... Seria apenas uma questão de transposição, e no lugar de trabalhadores poderíamos dizer 'uma cooperativa humana'... Ou o pulo do gato está na 'cooperativa'? Ou ser proprietário, gerente, de uma empresa faz de um homem menos 'trabalhador'? O ser proprietário, uma vez que de forma geral, trabalhadores costumam fundar seus próprios negócios, é uma 'maldição' - em si??? É tão absurdo, que poderia ser risível, se não fosse o que foi: trágico...

Na época de toda esta sandice hipnótica, qualquer debate científico sobre a natureza humana era imediatamente incendiado, e declarado 'errado'... Tudo pelo partido, tudo pelo partido único... De acéfalos em Cristo para acéfalos em Marx... E esta mácula subsiste até hoje... Mas a História é um tipo de registro 'científico', e os seus dados mostram quem estava errado, sendo o marxismo considerado hoje como um terrível experimento fracassado... Os países que adotaram esta visão distorcida, repleta de vícios de consentimento, desvios de confirmação e falácias, entraram em colapso, voltado atrás, ou vegetando em ditaduras arqueológicas - como a Korea do Norte e Cuba... A China é um exemplo de hipocrisia sórdida, ainda travestida de comunismo, mas amargando as piores condições laborais do planeta, enquanto pratica um 'capitalismo de mercado inescrupuloso', uma ditadura, sem eleições diretas, um partido único, sem liberdade de expressão, sem liberdades ou direitos individuais... A China é um comunismo de mentirinha...

A ambição de 'refazer' a natureza humana, pelo desejo doentio do controle das massas, produziu uma sucessão de líderes totalitários, assassinos em série... A suposição de que existem seres iluminados, planejadores de mundos, centralizadores, moralmente incorruptíveis, desinteressados, imparciais, semi-deuses, ou deuses, decorre também de nossa genética, comportamento e evolução... Existe uma Biologia para a Crença...

Mas Wilson, o especialista mundial em formigas, pode ter rido por último em seu veredicto sobre o marxismo: "teoria maravilhosa, espécie errada"... Muito bom, mas considero suave demais:

MARXISMO? TEORIA INFANTIL, ARROGANTE, COMPLETO DESCONHECIMENTO SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO, POPULISMO DESCARADO E AMBIÇÃO SEM LIMITES, RESULTADOS TRÁGICOS...

Carlos Sherman 



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Naturalmente Generosos: Por que ajudamos pessoas que nem sequer conhecemos?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Omayra, a estória mais triste e bela da Humanidade...





Omayra, a estória mais triste e bela da Humanidade...

Omayra, uma criança única, questiona deus: 

"No es justo"...

Claro que no querida, no es justo...

Assistam estas imagens!!! Não existem imagens como esta, nem mais fortes, nem mais importantes, nem mais dolorosas, nem mais belas... 

Faz 27 anos que Omayra Sánchez perdeu prematuramente a vida, e despediu-se com lições inesquecíveis... Esta mensagem não pode ser esquecida... Jamais...

Omayra Sánchez Garzón nasceu em 28 de agosto, e apenas um dia separaria os nossos aniversários, se ela estivesse viva... Omayra foi afogada, 'homeopaticamente', terrivelmente, enquanto mantinha uma calma e resignação sem igual, enquanto sem desesperar, ainda era capaz de pensar nos demais... Que vida, que legado de humanidade poderíamos haver experimentado com esta fortaleza pequenina, que só viveu 13 aninhos???

"Dios, no es justo, solo tengo 13 años, no puedo morrir"...

Mas ela implorava a deus, porque morria lentamente - e de forma torturante - aos 13 anos, porque morria de forma terrível, afogada em suas palavras, presa nos escombros de sua casa, enquanto com os pezinhos tocava a cabeça de sua tia... Omayra agonizou por três dias:

"Toco con los pies en el fondo la cabeza de mi tía"...


Mas Omayra pedia que sua mãe rezasse por ela, para que deus a livrasse daquele calvário sem igual:



"Mami, sé que puede escucharme, reze para que estos hombres puedan sacarme de aqui, y que yo pueda caminar"...



Mais adiante, sem esperanças, esta menina preciosa e generosa, enfrentou a morte e pensando nos demais:



"Yo quiero que ayuden a mi mamá, porque ella se va a quedar solita"...



Sentia medo, fome, sede, frio, terror:



"Tengo miedo de que el agua suba y me ahogue, porque yo no sé nadar, aunque soy de aquí, de tierra caliente"...

"Tengo frío"... "Tengo sed"... "No quiero morrir"...




E pensou na escolinha daquele lugarejo, que contava 25.000 mortos na tragédia...



"Estoy preocupada, hoy era el examen de matemática"...

"Mi papá trabaja cogiendo arroz y sorgo en una combinada, mi mamá está en Bogotá, donde mi tío, que es celador de Expreso Bolivariano"...

Qual o pecado de Omayra??? Porque tanto sofrimento? Algum pecado justifica tanto sofrimento? Deus??? Que deus??? Se deus existisse seria um ordinário, covarde, assassino, porco, indecente, como descrito pela bíblia...

Omayra sumiu debaixo da água, atrapada em sua pobre casinha destruída, em 16 de Novembro de 1985... A estória desta menina colombiana de 13 anos, foi um marco indelével, da tragédia do vulcão Nevado del Ruiz, durante a erupção que sepultou o povoado de Armero... 


A impotência de não poder salvá-la quando qualquer ser humano fixa os olhos em tais imagem, me impõe: 'definitivamente deus não é humano'...  Sinto vergonha de estar vivo, e assistir esta bebê afundar aos pouquinhos, perdendo sua vidinha, sem que pudéssemos fazer nada... E trata-se uma ofensa à decência humana, que a fantasia de 'deus' seja invocada... Que deus? Que merda de deus é esse?

As equipes de socorro tentaram de tudo, mas não foi possível salvá-la... Seria necessário amputar as perninhas de Omayra, mas não havia equipamentos, nem condições, e poderíamos antecipar sua morte e com mais sofrimento... Outra opção seria utilizar uma bomba de sucção, mas a única bomba disponível não chegou a tempo, e os presentes só puderam deixá-la morrer... 

Em 13 de Novembro de 1985, a devota e humilde cidadezinha de Armero dormia tranquila, mas a erupção do Nevado selou para sempre  seu destino... Mais de 25.000 pessoas perderão a vida sepultadas pelo lodo... Foi uma das maiores catástrofes naturais da Colômbia, e da humanidade...

Deus também faltou neste dia...

A pequenina, em meio ao sofrimento disse:

"Váyanse a descansar un rato y después vengan y me sacan de aquí"...

Forte, valente, terna e generosa... Omayra balbuciou até o fim, enquanto fechava os seus olhinhos cansados:

"No es justo, Dios, no es justo"...

Não querida, deus apenas não existe... Nunca esquecerei o seu rosto e as suas lições sobre a dignidade humana... Mas na verdade, e por mais que me empenhe, jamais serei capaz de acalçar a  perfeição de sua conduta; nem que este descrente viva por mais 50 anos... 

Querida, um pouco de mim afundou com você... Agora, com o  nosso encontro, acho que aprendi um pouco mais sobre o que realmente importa... Pelo tempo que me resta, prometo, em sua memória, cuidar com resignação e coragem, ternura e generosidade, daquilo que realmente importa... 

Obrigado bebê... Descanse em paz...


Carlos Sherman

Lamento informar, mas...


Destino 'Nebuloso'...


Vulcanismo: "que dios nos guarde"...




Vulcanismo: "y que dios nos guarde"....

"(..) y que dios nos guarde"... Foi assim que Libória Solano, uma fervorosa cristã mexicana, devota da Virgem de Guadalupe, recebeu a notícia de evacuação imediata no humilde povoado de Santiago de Xalitzintla, por ocasião da erupção iminente do 'Popo', o mortífero vulcão 'Popocatépetl'... Eu estava no México, e sobrevoei as proximidades do vulcão... Uma visão aterradora e magnífica...

Libória liderava os protestos contra a evacuação, afinal, dizia ela: "estamos bajo la protección de dios, y él no nos faltará"... Mas em 18 de Dezembro de 2000 o Popo mostrou a sua força, 'e deus faltou neste dia'... Nas palavras de Libória: "los últimos que quedaron escucharan la explosión y la tierra temblar, con desesperación... Dejamos todo, montamos en la camioneta sin mirar hacia atras, lo más rápido posible, y no pensávamos en parar, jamas"... Asi es Libória, asi es...

Em 15 de Dezembro de 2000 os sismólogos detectaram aquela que poderia ser uma severa ameaça: uma erupção 'pliniana' - termo associado à erupção do Monte Vesúvio em 79, e descrita por Plínio, o Novo; erupção essa que matou o seu pai, Plínio, o Velho, e soterrou as cidades de Pompeia e Herculano... Erupção pliniana, o tipo mais poderoso e destruidor de erupção experimentado e registrado pelo homem... Erupções plinianas, de grande intensidade, como as que ocorreram a 18 de Maio de 1980 no Monte Santa Helena ou a 15 de Junho de 1991 em Pinatubo, nas Filipinas, podem enviar cinzas e gases vulcânicos a vários quilômetros de altitude, atingindo a estratosfera... A cinza resultante pode afetar áreas a centenas de quilômetros de distância na direção dos ventos, a quantidade de magma que brota pode ser tão grande que o topo do vulcão pode colapsar, formando uma caldeira, e 'boooom'; como no Krakatoa em 1883, no Monte Tarumae (Japão) em 1667 e 1739, em Tira em 1600 AEC, na erupção que formou o Lago Crater em 4860 AEC, e a mais famosa, a do Monte Vesúvio em 79...

Mas o vulcanismo não é um fenômeno 'terrestre'... A Lua não possui grandes vulcões e não é geologicamente ativa, mas nela existem várias estruturas vulcânicas... O planeta Vênus é geologicamente ativo, sendo cerca de 90% da sua superfície constituída por basalto o que leva a crer que o vulcanismo desempenha um papel importante na modelagem da superfície volumosa do planeta... As escoadas lávicas estão bastante presentes e muitas das estruturas da superfície de Vênus são atribuídas a formas de vulcanismo que não se encontram na Terra... Outros fenômenos do planeta Vênus são atribuídos à erupções vulcânicas, tais como as mudanças na atmosfera do planeta e a observação de relâmpagos... Em Marte existem vários vulcões extintos, sendo quatro dos quais grandes vulcões-escudo, largamente maiores do que qualquer um existente na Terra, mas encontram-se extintos há vários milhões de anos... A sonda européia Mars Express encontrou indícios de que poderiam ter ocorrido erupções vulcânicas num passado recente em Marte...

Uma das luas de Júpiter, Io, é o corpo mais vulcânico de todo o sistema solar devido à interação de forças com Júpiter... Esta lua está coberta de vulcões que expelem enxofre, dióxido de enxofre e rochas ricas em sílica, o que leva a que a sua superfície esteja constantemente a ser renovada... As suas lavas são as mais quentes que se conhecem no sistema solar, com temperaturas que podem ultrapassar os 1500 °C... Em Fevereiro de 2001 a maior erupção de que há registo no sistema solar ocorreu em Io...

Era uma vez uma ilha paradisíaca, mais um "pueblo abandonado por dios": Plymouth - capital de uma pequena ilha caribenha chamada Montserrat, pertencente ao Reino Unido, localizada à sudeste de Porto Rico... Este pequeno paraíso, de clima agradável e vida tranquila, com a sua pequena população dedicada à pesca e ao turismo, abrigava um terrível perigo: o vulcão Soufriere Hills - que parecia adormecido... Todos dormiam à sombra do Soufriere, o sono dos justo, sob a guarda e proteção de deus... Mas ele 'faltou' ao trabalho mais uma vez... Em 18 de Julho de 1995 o Soufriere despertou... Mas a ciência sísmica não faltou, permitindo que 13.000 habitantes fossem salvos, e evacuados...

Templo 'de deus'... Afundado em lama vulcânica em Montserrat...

Tento entender: deus cria o universo, todo-poderoso, atende orações, visivelmente 'poderoso', controla eventos, controla a natureza, mas e os vulcões??? São meros fenômenos naturais, não podem ser controlados por seu CRIADOR??? Então todos os fenômenos naturais não podem ser controlados por deus??? Deus não pode aliviar o sofrimento??? Então não é onipotente... Se pode controlar a natureza mas permite que inocentes, 'pecadores', fieis e infiéis, criminosos e inocentes, sofram igualmente, então não é realmente justo... Se tem poder mas não estava lá, é negligente, e não é onisciente - nem onipresente... Muitos, diante de tragédias, oram a deus... Mas por quê, qual é a lógica? Ou deus não tem nenhum poder, ou é injusto ou negligente - cruelmente negligente... E outros culpam a deus, seguindo a lógica e o bom senso... 

Mas devotos e fieis, eu absolvo a deus, em nome da verdade, ele não tem culpa nenhuma, afinal, ele não existe - e nem nunca existiu... Jamais... Então escutem os sismólogos, escutem a ciência, deus não está rogando por vós, porque simplesmente deus não está lá... Mas existem humanos que estudam o fenômeno de forma abnegada, na tentativa de ajudar efetivamente à outros humanos, muitos dos quais, por razões neurofisiológicas e educacionais, estão 'acéfalos em cristo - em deus'...

Carlos Sherman

Obesidade




Drauzio Varella 

OBESIDADE

Bernardo Leo Wajchenberg é médico. Professor de endocrinologia, influenciou a formação de inúmeros profissionais dessa área em todo o Brasil.

A obesidade é um dos problemas mais importantes que a Saúde Pública enfrenta hoje no Brasil e em outros países do mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que, atualmente. nos países desenvolvidos, ela seja o principal problema de saúde a enfrentar.

Por que as pessoas estão engordando tanto? De onde vem esse desespero pela comida e a dificuldade para perder peso? A resposta, por certo, poderá ser encontrada nas raízes evolucionistas do homem. Há 50 mil anos, nossos antepassados tinham grande dificuldade para conseguir alimentos. A possibilidade de estocá-los é contemporânea ao advento da agricultura há dez mil anos, um segundo em termos evolucionistas. Essa carência alimentar moldou o cérebro humano de tal maneira, que ele busca obter o máximo de calorias possível para mobilizar energia acumulando-a sob a forma de gordura que, teoricamente, será usada nos períodos de fome provocados pela escassez de comida.

Entretanto, no mundo moderno, a realidade é bem diferente. A geladeira pode conservar alimentos variados por dias e semanas. Basta abri-la para saboreá-los. A propaganda nos incita a comer produtos altamente calóricos por preço razoável. Basta uma ligação telefônica para temos comida de diversos tipos e nacionalidades entregue, em poucos minutos, na porta das nossas casas.

Nosso cérebro condicionado em tempos de penúria agora encontra fartura e o mecanismo evolucionista que selecionou pessoas capazes de acumular gordura, decisão inteligente no passado, se volta contra elas. Reverter esse processo é tarefa árdua e muitas vezes inglória. No entanto, é preciso estar alerta. O excesso de peso está associado a uma série de doenças que comprometem a qualidade e a duração da vida.

DESEQUILÍBRIO ENTRE INGESTÃO E QUEIMA DE CALORIAS

Drauzio – Você, que tem grande vivência clínica e enfrentou pessoalmente o problema da obesidade, como enxerga a dificuldade de tantas pessoas para perder peso?

Bernardo Leo Wajchenberg – O homem moderno está pagando as contas pela facilidade de conseguir alimentos. Além disso, a tendência ao consumo do fast-food representa sério empecilho para resolver o problema. Na hora do almoço, em vez de sentar-se e comer arroz com feijão e salada como se fazia antigamente, a pessoa aproxima-se dos balcões das lanchonetes e se contenta com um hambúrguer e um milk-shake, alimentos de alto valor calórico que provocam sensação de saciedade. A gordura tem essa vantagem: comê-la garante sensação de bem-estar, de estômago cheio. Por outro lado, a vida moderna está marcada pela falta de atividade física e não há o gasto calórico suficiente. Ninguém anda mais. Todos se valem do transporte coletivo ou, o que é pior, do individual. Portanto, estamos comendo mais e gastando menos. Do ponto de vista termodinâmico, estamos armazenando calorias. É bem verdade que existem indivíduos, infelizmente a minoria, que comem muito e gastam muito também. A regra, porém, não é essa.

Já se procurou, por muitos anos, uma causa metabólica primária para a obesidade. Existem as formas ditas genéticas que são extremamente raras, raríssimas. Até hoje, encontrei apenas um indivíduo de cabelos vermelhos obeso (os ruivos podem ter um defeito na produção de melanocortina), mas esse achado tem valor apenas para o estudo da fisiopatologia da obesidade.

Então, a experiência que tenho é muito ruim. Eu e todo o mundo. O que costumo sugerir para os obesos é uma alimentação razoável, porque dietas muito restritivas não têm mais cabimento nos nossos dias. O indivíduo não deve perder muito peso. Em torno de 7kg a 10kg no prazo de alguns meses melhora as complicações que a obesidade traz consigo.

O problema é tão sério que o número de cirurgias da obesidade, ou bariáticas, aumenta a cada dia. Para muitos obesos mórbidos não existe outra solução apesar de estarmos substituindo uma doença por outra.

O procedimento cirúrgico mais frequente em nosso meio é a cirurgia de Capela em que se reduz o volume do estômago. Não se consegue interferir, porém, na vontade de comer. O paciente para de comer porque se o fizer vomita, não aguenta o mal-estar. Conheço um indivíduo que passou a tomar leite condensado, alimento de alto valor calórico, como se sabe, mas que é aceito pelo estômago cuja capacidade ficou reduzida a 20cm³ aproximadamente.

TENDÊNCIA AO SEDENTARISMO

Drauzio – Em geral, os obesos são vistos como pessoas desavergonhadas, de caráter fraco, o que injusto.

Bernardo Leo Wajchenberg – Isso é um absurdo. É inconcebível tal julgamento. Ninguém quer ser gordo. Eu, que sou um semigordo e fui um grande obeso tinha vergonha da minha condição e não ia à praia nem ao clube. O problema da obesidade está relacionado com o ambiente familiar, a genética e o sedentarismo. Decorre, em parte, como consequência da vida moderna e da falta de ensinamentos sobre a necessidade de praticar esportes. Só os adolescentes o fazem. A regra é que com o passar dos anos o indivíduo se mexa menos e coma mais. O rapaz se casa, por exemplo, as responsabilidades aumentam, ele come mais e engorda. Quando estudei nos Estados Unidos, reparei que eram gordos os diretores da instituição. A arraia-miúda, o pessoal de baixo, era toda magra.

A obesidade de per si não é um mal, se o obeso não apresentar outros fatores de risco, como colesterol elevado, hipertensão, diabetes. Não me lembro de nenhum paciente meu, um grande obeso, que tenha ultrapassado os 50 anos. Todos morreram antes de complicações cardiovasculares, de fraturas seguidas de embolia pulmonar, etc.

Em alguns países, há grupos populacionais em que a obesidade é mais frequente. Nos Estados Unidos, por exemplo, os índios que vivem no Arizona constituem um caso típico. Eles eram pobres, trabalhavam no campo e eram magros. Quando foi descoberto petróleo em seu território, as companhias petrolíferas lhes compraram as terras, deram-lhes royalties e eles pararam de dedicar-se à agricultura familiar. Como consequência, a obesidade tornou-se prevalente entre eles.

Drauzio – Quanto mais pobre a pessoa, maior é a tendência para comer mais gordura e mais carboidrato?

Bernardo Leo Wajchenberg – O problema está na comida com alto valor calórico. Em países da Europa Ocidental e nos Estados Unidos, está caindo o número de obesos na classe A, ao passo que nas classes B e C esse número está subindo. Outra constatação triste é que o exercício físico não faz parte dos hábitos de vida dessa população. No meu ponto de vista, andar não ajuda a pessoa a perder peso. Já fiz um cálculo uma vez e cheguei à conclusão de que eu teria de caminhar 40km para perder um quilo. O exercício tem que ser aeróbico. Nas academias e clubes, só há jovens e umas poucas pessoas mais velhas que se acostumaram na juventude com a atividade física.

A obesidade é um problema muito sério e não há empenho por parte das autoridades governamentais para resolvê-lo de vez. Tenho uma triste opinião que compartilho com pesquisadores americanos a respeito desse assunto. Aos governos não interessa acabar com o problema. As indústrias envolvidas na fabricação de produtos para o controle da obesidade, as academias e outras instituições frequentadas por quem quer emagrecer rendem valores altos em impostos. Campanhas como “São Paulo, mexa-se!” são importantes, mas pouco eficientes e perdem para o apelo do interesse comercial.

TECIDO ADIPOSO: MAIOR GLÂNDULA ENDÓCRINA

Drauzio – Na época em que fui seu aluno na faculdade, o tecido adiposo era considerado um tecido inerte, mero depósito de células gordurosas que acumulavam energia para ser queimada num momento de necessidade. Esse conceito mudou completamente, não é mesmo?

Bernardo Leo Wajchenberg – Hoje está provado que o tecido adiposo é a maior glândula endócrina do organismo. Existem dezenas de hormônios produzidos por ele, hormônios ligados à hipertensão (angiotensinogênio) e ao apetite, como a lepitina, por exemplo. Quanto mais gordura, maior a produção desse hormônio que age no cérebro e faz diminuir o apetite. O obeso, porém, que tem muita lepitina, desenvolve resistência a ela. Se não fosse assim, ninguém seria gordo.

Drauzio – Quando a pessoa perde gordura, a lepitina cai. Nesse caso, o que acontece com a fome?  

Bernardo Leo Wajchenberg – A lepitina não tem muito a ver com a fome no grande obeso, como tem nos não obesos e nos animais experimentais. Por isso, é dificílimo tratar da obesidade. A experiência me mostra que deve ser dada uma orientação dietética aos pacientes. A dieta baseada em pontos atribuídos a cada alimento pode ajudar. Idealmente existe uma série de alimentos que devem ser evitados. Isso não quer dizer que nunca mais se possa comer pizza ou beber uma ou duas doses de uísque por semana, desde que alguma coisa de valor calórico equivalente seja retirada do cardápio daquele dia.

E aí fica evidente a necessidade do exercício físico, o verdadeiro nó da questão. O adulto de meia idade, a maioria em minha clínica, não faz. Já propus ir com eles para a academia, porque conheço as técnicas e posso orientá-los. Nenhum tem tempo. Nem mesmo depois de um infarto. No começo, adotam um programa de exercícios, mas logo voltam ao velho esquema sedentário.

No caso dos diabéticos, a obesidade é um fator de risco importante e reduzir o peso faz com que melhorem bastante. Eles conseguem perder peso por algum tempo, mas depois voltam a engordar. Manter o peso é um desafio muito complicado.

TRATAMENTO COM DROGAS CONTRA A OBESIDADE

Drauzio – Qual é sua impressão sobre as drogas usadas nos tratamentos contra a obesidade? Os médicos, em geral, defendem posições bastante contraditórias a respeito de seu uso.

Bernardo Leo Wajchenberg - A palavra droga define por si só as características dessas substâncias. Penso que usar drogas é uma droga. O bom seria poder evitá-las sempre. Mas qual é a alternativa que posso oferecer a meus pacientes? Experimento as mais variadas mudanças nos regimes alimentares. Nenhum resultado. Introduzo, então, as drogas mais leves, embora não haja estudos comparativos sobre a ação das mais potentes a longo prazo. É verdade que elas têm efeitos colaterais. Os psiquiatras me contam que vêem isso todos os dias. Eu não vejo nunca. Vez ou outra alguém se queixa de palpitação ou de insônia. Nesses casos, prescrevo um tranqüilizante.

O problema é que o uso dessas drogas precisa ser contínuo, o que as faz perder a eficácia, e é preciso mudá-las ou fazer combinações. É uma pena que isso não seja ensinado aos alunos de medicina na faculdade.

Drauzio – O fato é que o tempo de duração desses tratamentos tornou-se uma discussão importante para a ciência.

Bernardo Leo Wajchenberg – O tratamento deve ser mantido no mínimo por cinco anos. Estudos realizados pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos mostraram que, usando a droga por cinco anos, o paciente mantinha a perda de peso. Embora a tendência fosse perder e ganhar um pouco de peso ao longo do tratamento, o balanço era a favor da perda.

Tenho pacientes que estão tomando essas drogas por mais de oito anos e conseguem manter de 10kg a 15kg a menos com melhora significativa de todos os outros fatores de risco. Os residentes que trabalham comigo acham estranho que nunca tenham aprendido isso. Eu acho um absurdo.

Existem drogas modernas como a sibutramina, com menos efeitos colaterais, mas que não resolvem o caso dos grandes obesos. No começo é ótima, mas com o tempo perde o efeito. Existem outras que diminuem a absorção intestinal de gordura. Essas são menos eficientes, quando se suspende a ingestão de gorduras e têm efeitos adversos como a incontinência fecal. Contra as drogas antigas há o tabu de que fazem mal. Eu as uso e recomendo. Não como primeira opção.  A primeira opção é a dieta e a mudança de hábitos. Alguns raros indivíduos conseguem manter o peso depois que emagreceram. O grande gordo não. Toma a droga, emagrece dez quilos, acha horrível a dieta e volta a comer e a engordar. É o chamado efeito sanfona.

PERDA DE PESO NOS DOIS GÊNEROS

Drauzio – Quem engorda mais fácil e quem tem maior dificuldade para perder peso, os homens ou as mulheres?

Bernardo Leo Wajchenberg – Os homens perdem peso com mais dificuldade por causa da vida que levam. As mulheres perdem mais facilmente por interesse pela aparência do próprio corpo. A longo prazo, porém, ambos continuam gordos a não ser nos casos raros em que o individuo adere à medicação. Tenho alguns pacientes nessa situação. Eles me telefonam e dizem que o remédio deixou de funcionar e eu faço outra associação de drogas. Não é a conduta ideal. O ideal é a mudança de comportamento.

A propósito, gostaria de comentar que o governo americano patrocinou um programa chamado Diabetes Prevention Program (DPP), Programa de Prevenção ao Diabetes, que custou 150 milhões de dólares. Eles mostraram que os indivíduos que aderiram à mudança de estilo de vida e aos exercícios perdiam mais peso e reduziam o desencadeamento das complicações do diabetes em seis anos. Fiquei surpreso e fui conversar com quem apresentou esse trabalho num congresso em Glasgow, em 2001. Soube que o grupo de cinco mil pacientes que fazia parte do estudo foi selecionado por anúncio de jornal e cada um recebia uma ajuda de custo para não interromper a experiência. No dia a dia, os resultados não são os mesmos.

Os endocrinologistas não podem desprezar as características de comportamento do obeso. A Behavior Therapy (Terapia Comportamental), teoria desenvolvida por um cientista da Filadélfia, visa exatamente à mudança de comportamento desse paciente.

TERAPIA COMPORTAMENTAL E EMAGRECIMENTO

Drauzio – Em que consiste a terapia comportamental  utilizada nos casos de emagrecimento?

Bernardo Leo Wajchenberg -  Não conheço exatamente o processo, mas sei que o indivíduo conversa com o psicólogo ou com uma pessoa habilitada para o trabalho que faz sugestões para a mudança da dieta, do comportamento alimentar e cobra os resultados. No início, as sessões são semanais. Com o passar do tempo, sessões de reforço são realizadas pelo menos uma vez por mês. Infelizmente, isso consome tempo, custa caro e não é pago pelo governo.

Não tenho informação de nenhum centro no Brasil dedicado a esse tipo de serviço, mas sei de algumas pessoas que se beneficiaram com o tratamento. Em recente congresso, o grupo de Filadélfia da Sociedade Americana de Diabetes apresentou trabalhos com resultados encorajadores. O paciente perde de 7% a 10% do peso corpóreo e mantém esse valor por anos a fio.

Drauzio – Num estudo comparativo entre os diversos tipos de dieta para emagrecer, os institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos (NHI) concluíram recentemente que uma pessoa costuma perder com as dietas até 10% de seu peso corpóreo. Quando acompanhadas depois de um ano, 50% delas voltaram ao peso original e cinco anos depois praticamente todas readquiriram os quilos perdidos.

Bernardo Leo Wajchenberg – Qualquer regime pode ter esse resultado. Por isso, a importância da mudança de comportamento. Acompanhei no Hospital Sírio-Libanês um grupo de obesos e as psicólogas me disseram que estavam pensando em introduzir a Teoria Comportamental com reforço contínuo no tratamento da obesidade. Não sei se os planos foram concretizados, mas é fundamental que iniciativas como essa sejam postas em prática.

FALTA DE PREPARO ACADÊMICO

Drauzio – Você acha que nós médicos somos preparados nas faculdades de medicina para lidar com um problema tão sério quanto esse?

Bernardo Leo Wajchenberg – Acho que não. Aliás, de certa forma, os cursos das faculdades são irrelevantes. A formação médica vai se alicerçando depois da formatura com a aquisição de novos conhecimentos que surgem numa velocidade espantosa nos últimos tempos. Por exemplo: há 20 anos o diabetes constituía um ramo pequeno da endocrinologia. Hoje, é maior do que todos os outros assuntos somados. Nos congressos, as sessões sobre diabetes são as que têm maior número de ouvintes médicos. Eu me especializei em diabetes e obesidade, embora trate de outras doenças da mesma área. Todo diabético adulto é obeso até que provem o contrário. Quando não é obeso, é preciso investigar o que possa estar interferindo em seu emagrecimento.

PREVISÕES PARA OS PRÓXIMOS 50 ANOS

Drauzio – Como você acha que o problema da obesidade vai ser r4solvido no futuro?

Bernardo Leo Wajchenberg - Diz um ditado popular que o futuro a Deus pertence. Não posso fazer previsões. Quando vi o primeiro computador em 1964, enorme, achei que não teria muita utilidade. Hoje, ele está aí, em todo o canto, pequeno e popular.

Entretanto, posso imaginar que se as coisas continuarem do mesmo jeito, o número de obesos vai aumentar. Nós, que vivemos no hemisfério sul, podemos ter uma ideia do que pode nos acontecer, se olharmos para o número de casos de obesidade em nossos irmãos do hemisfério norte.

Vejo que a educação na infância é a única forma para tentar resolver o problema. Não se pode induzir a criança a comer batata frita como um prêmio nos finais de semana. Isso não é prêmio, é punição. Batata frita tem alto valor calórico e muita gordura saturada. A educação deve começar em casa. Agora, me pergunto como médico e como pai de família: desde quando temos tempo para almoçar ou jantar com nossos filhos? Refeições em família tornaram-se um evento raro em nossas vidas.  Com isso, não ajudamos a criar hábitos alimentares saudáveis nas crianças, que acabam engordando.

Quero frisar, também, que nos últimos anos me impressionaram os casos de obesidade na infância e na adolescência nos quais o fator desencadeante foi a separação dos pais. Se existe tendência na família, conflitos emocionais desse tipo podem ser a origem do problema.

Drauzio – Você disse que a genética é responsável apenas por pequeno número de casos de obesidade. O que me intriga é ver, muitas vezes, um casal obeso com filhos pequenos também obesos.

Bernardo Leo Wajchenberg – Isso me faz lembrar os quadros do pintor colombiano Botero, em que o pai e a mãe são gordos, o filho é gordo e o gato também é gordo. Trata-se, porém, de uma situação diferente da encontrada naqueles casos raros determinados pela genética, como os de obesidade mórbida em indivíduos com cabelos cor de fogo.

Na verdade, não se pode negar que exista um componente genético familiar que ainda não foi bem definido. Um dos mais famosos cientistas no estudo da obesidade no Canadá, publica todos os anos um relatório dos genes envolvidos nessa doença, mas até agora não foram definidos exatamente quais são eles. Sabe-se que se trata de uma doença em que estão envolvidos múltiplos genes. Somos capazes de entender as doenças monogênicas, isto é, aquelas que estão associadas a um único gene. Para as outras ainda não foi encontrada explicação. É o caso do diabetes e da hipertensão, patologias que estabelecem interações gênicas de altíssima complexidade.

Não acredito que se encontrem soluções para essas doenças num futuro imediato, mas espero que a cura para ela apareça nos próximos 50 anos.

Drauzio – Você espera viver para assistir a essa descoberta?

Bernardo Leo Wajchenberg – Não espero nem quero. Também não cabe a mim decidir isso. Sou apenas um joguete nessa história. No momento, doença poligênica é ainda um brinquedo nas mãos dos pesquisadores. Você encontra em todos os números da revista Diabetes trabalhos sobre genética. Um dia, alguém acaba acertando e descobre a solução para esse enigma.

Aspectos Genéticos da Obesidade




Revista de Nutrição
Print version ISSN 1415-5273
Rev. Nutr. vol.17 no.3 Campinas July/Sept. 2004

Aspectos genéticos da obesidade

Iva Marques-Lopes; Amelia Marti; María Jesús Moreno-Aliaga; Alfredo Martínez
Departamento de Fisiología y Nutrición, Universidad de Navarra. Edificio de Investigación C/ Irunlarrea, 1, 31008, Pamplona, España

A obesidade é definida como a acumulação excessiva de gordura corporal deriva de um desequilíbrio crônico entre a energia ingerida e a energia gasta. Neste desequilíbrio podem estar implicados diversos fatores relacionados com o estilo de vida (dieta e exercício físico), alterações neuro-endócrinas, juntamente com um componente hereditário. O componente genético constitui um fator determinante de algumas doenças congênitas e um elemento de risco para diversas doenças crônicas como diabetes, osteoporose, hipertensão, câncer, obesidade, entre outras. O aumento da prevalência da obesidade em quase todos os países durante os últimos anos, parece indicar que existe uma predisposição ou susceptibilidade genética para a obesidade, sobre a qual atuam os fatores ambientais relacionados com os estilos de vida, em que se incluem principalmente os hábitos alimentares e a atividade física. A utilização de modelos animais de obesidade, a transferência gênica e os estudos de associação e ligamento, permitiram a identificação de vários genes implicados na obesidade.

A acumulação excessiva de tecido adiposo (obesidade) deriva de um aporte calórico excessivo e crônico de substratos combustíveis presentes nos alimentos e bebidas (proteínas, hidratos de carbono, lipídios e álcool) em relação ao gasto energético (metabolismo basal, efeito termogênico e atividade física). Nessa acumulação intervêm, tanto os hábitos alimentares e de estilo de vida, os fatores sociológicos e as alterações metabólicas e neuro-endócrinas, como os componentes hereditários.

Neste sentido, os genes intervêm na manutenção de peso e gordura corporal estáveis ao longo do tempo, através da sua participação no controle de vias eferentes (leptina, nutrientes, sinais nervosos, entre outros), de mecanismos centrais (neurotransmissores hipotalâmicos) e de vias aferentes (insulina, catecolaminas, sistema nervoso autônomo (SNA). Assim, o balanço energético, do qual participam a energia ingerida e a energia gasta, parece depender cerca de 40% da herança genética, podendo afetar ambas as partes da equação energética (apetite e gasto).

Os progressos científicos indicam que existe uma base genética transmissível, implicada na manutenção de um peso corporal estável, através dos seguintes mecanismos: 1) no controle de péptidos e monoaminas implicados na regulação do apetite; 2) nas variações do metabolismo basal, no efeito termogênico dos alimentos ou na atividade física espontânea e 3) na regulação da utilização metabólica dos nutrientes energéticos, para suprir as necessidades do organismo.

O aumento mundial da prevalência da obesidade atribui-se principalmente às mudanças nos estilos de vida (aumento do consumo de alimentos ricos em gordura, redução da atividade física, etc.), que incidem sobre uma certa susceptibilidade ou predisposição genética para ser obeso. Neste contexto, também o fenótipo da obesidade, do qual se distinguem quatro tipos em função da distribuição anatômica da gordura corporal (global, andróide, ginóide e visceral), é influenciado pela base genética e por fatores ambientais. Além disso, desde o ponto de vista evolutivo, os indivíduos com genes "austeros" ou "poupadores" podem ter sido favorecidos, já que a função reprodutora está dependente das reservas energéticas e as pessoas mais resistentes à desnutrição podem ter sobrevivido em maior proporção, durante as épocas de falta de alimentos.

Por último, a co-existência de obesidade em vários membros da mesma família, confirma a participação da herança genética na incidência da obesidade. A probabilidade de que os filhos sejam obesos quando os pais o são, foi estimada em alguns estudos obtendo-se percentagens entre 50% e 80%7. Confirmam essa hipótese tanto o fato de existirem indivíduos com uma alteração na termogênese, no metabolismo basal ou na ativação simpática, como a constatação de poderem os fatores genéticos modificar os efeitos da atividade física sobre o peso e a composição corporal.

French Food





O texto abaixo, é muito interessante, mas estou publicando com algumas ressalvas que vão 'ao final'... Afinal, não acredito em milagres - em nenhum tipo de milagre... Tudo tem um preço... E perguntas complexas sempre demandam respostas complexas...

Carlos Sherman


A DIETA dos franceses
Enviado pela minha querida Tia Glaucinha...

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DIETA DOS FRANCESES:

O Dr. Will Clower, médico neurofisiologista desenvolveu, durante sua estada  de dois anos no Institute of Cognitive Science, em Lyon, na França, um plano de 10 etapas para nunca mais fazer dieta e, ainda assim, com saúde, como os franceses. 

"Descobri que os franceses violam todas as regras alimentares que  estipulamos para nós". 

E, apesar de seus cremes, queijos, manteigas e pães, a taxa de obesidade na França é de apenas 11,3%da população, segundo pesquisa realizada em 2005 pela Internacional Obesity Task Force. 

O programa de emagrecimento saudável é baseado em quatro grandes princípios básicos: 

1. Comer alimentos de verdade,
2. Aprender a comer, 
3. Reduzir a quantidade de comida e 
4. Ser Ativo, sem necessariamente se exercitar. 

"Em uma volta pelo supermercado fiquei impressionado com os laticínios -  fileiras e fileiras de queijos, uma geladeira inteira só pra iogurtes e queijos frescos..."

Onde estavam os produtos light?! 

Segundo o médico, estamos inundados de alimentos artificiais- açúcares sintéticos, gorduras sintéticas e produtos alimentícios artificiais. 

"Falta-nos reaprender o que é comida de verdade, já que é a ingestão dela  que  proporciona ao 
corpo a nutrição na forma de que ele necessita." 

Clower afirma que em vez de estimular a ingestão de novas substâncias químicas para enganar o organismo, o programa mostra porque alimentos de verdade funcionam em favor do corpo. 

"Temos que reaprender o que é comida de verdade. Alimentos de verdade são os produtos naturais, que podem ser encontrados em  um texto de biologia e que normalmente fazem parte da cadeia alimentar. Refrigerantes não dão em árvore, Margarina é uma invenção, e os corantes,  conservantes e estabilizantes que aumentam a vida do produto não foram  feitos para o nosso corpo", defende. 

Em sua observação dos costumes alimentares franceses, o médico descobriu  que os franceses não comem alimentos processados, não evitam gorduras, chocolates e nem carboidratos, não tomam suplementos alimentares, não se  abstêm do vinho no almoço e no jantar e não comem com pressa. 

Ao adotar os hábitos franceses, ele e a mulher emagreceram onze e cinco  quilos, respectivamente. 

Entre outras dicas, Clower prescreve uma limpa na despensa e na geladeira,   com o auxílio de que se deve ter em casa; fala sobre os benefícios do vinho, com moderação, é claro; da importância de se passar mais tempo à mesa, usufruindo do sabor da comida, e de como isso auxilia a  diminuir o tamanho das porções, e da necessidade de se manter ativo. 

Os resultados, garante ele, surgem em seguida. 

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PLANO DE 10 ETAPAS PARA NUNCA MAIS FAZER DIETA 

1 - Comer devagar. 
Comer muito rápido faz comer mais. O estômago demora cerca de 20 minutos para mandar um sinal para o cérebro. Comendo devagar, o cérebro tem tempo de receber a mensagem de que seu corpo está satisfeito. 

2 - Garfadas menores. 
O paladar está na superfície da língua. Se a sua boca está cheia de comida, você nem sente o gosto. 

3 - Concentre-se na comida. 
Comer em frente à TV ou no carro faz o momento se tornar irrelevante. A falta de atenção faz com que se coma demais. 

4 - Apóie o garfo no prato. 
Se ainda tem comida na sua boca, coloque o garfo no prato. Não o encha novamente até que tenha engolido. 

5 - Sirva a comida em pratos pequenos. 
Isso resolve dois problemas de uma só vez: o de lavar a louça e o fato de você comer com os olhos. 

6 - Comida sem gordura engorda. 
Comidas sem gordura não satisfazem e contêm mais açúcares. 

7 - Se não for comida, não coma. 
Nosso corpo sabe o que é comida de verdade: carnes, frutas, verduras. Invenções como coca-cola causam problemas de saúde e de sobrepeso. 

8 - Coma em etapas. 
Coma a salada primeiro. Isso ajuda a ganhar tempo à mesa e previne que você coma rápido e em grande quantidade. 

9 - Gordura é necessária na dieta. 
Seu corpo e cérebro necessitam de gordura para serem saudáveis. Você come uma quantidade normal de gordura quando come alimentos de verdade, como manteiga, azeite, ovos, castanhas e queijos. 

10 - Alta qualidade da comida leva a comer menos quantidade. 

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ALIMENTOS QUE SE DEVE TER SEMPRE EM CASA: 

Grãos (granola, aveia, arroz) 
Hortaliças(feijões, cebola, batata, abóbora, tomate) 
Óleos e vinagres (azeite de oliva, óleo 100% vegetal, vinagre) 
Produtos de padaria (farinha, ervas, temperos, açúcar mascavo, pimenta, sal) 
Lanches (frutas desidratadas, biscoitos não-hidrogenados, nozes, azeitona) 
Condimentos (mostarda, maionese de verdade) 
Lacticínios (manteiga, queijo, ovos, leite, iogurte) 
Bebidas  (somente café,  suco de fruta, chá, água, vinho(uma taça de vez enquanto) 

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O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ ACABA DE BEBER UM REFRIGERANTE 

Base   =   1 lata padrão 

Primeiros 10 minutos: 
10 colheres de chá de açúcar batem no seu corpo, 100% do recomendado diariamente. Você não vomita imediatamente pelo doce extremo, porque o ácido fosfórico  corta o gosto. 

20 minutos: 
O nível de açúcar em seu sangue estoura, forçando um jorro de insulina. O fígado responde transformando todo o açúcar que recebe em gordura (É muito para este momento em particular).

40 minutos: 
A absorção de cafeína está completa. Suas pupilas dilatam, a pressão sanguínea sobe, o fígado responde bombeando mais açúcar na corrente. Os receptores de adenosina no cérebro são bloqueados para evitar tonteiras. 

45 minutos: 
O corpo aumenta a produção de dopamina, estimulando os centros de prazer do  corpo. Fisicamente, funciona como com a heroína. 

50 minutos: 
O ácido fosfórico empurra cálcio, magnésio e zinco para o intestino grosso, aumentando o metabolismo. As altas doses de açúcar e outros  adoçantes aumentam a excreção de cálcio  na urina. 

60 minutos: 
As propriedades diuréticas da cafeína entram em ação.  Você urina. Agora é garantido que porá para fora cálcio, magnésio e zinco, os quais  seus ossos precisariam. Conforme a onda abaixa você sofrerá um choque de açúcar... 

Ficará irritadiço. 
Você já terá posto para fora tudo que estava no refrigerante,  mas não sem antes ter posto para fora, junto, coisas das quais farão falta ao seu organismo. Pense nisso antes de beber refrigerantes. Se não puder evitá-los, modere sua ingestão! Prefira sucos naturais!!! Em sendo possível, dê preferência por aqueles que se vê as frutas (de boa procedência) sendo preparadas. 

Seu corpo agradece! 

Esta não é uma campanha para prejudicar a venda deste ou daquele refrigerante,  mas sim, uma Campanha pela Saúde; sua e do seu bolso, que deixará de comprar muitos remédios... 


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Apesar da reputação francesa de serem um dos povos mais magros entre os países desenvolvidos, a França, como outros países ricos, tem enfrentado uma epidemia crescente e recente de obesidade, principalmente devido à substituição da culinária tradicional francesa saudável - embora criticada por ser 'calórica' -, pela junk food... Vale notar ainda que a França, a exemplo de outros países está sendo inundada por imigrantes, o que altera a predominância genética... No entanto, a taxa de obesidade francesa é muito inferior à dos Estados Unidos (por exemplo, taxa de obesidade na França é a mesma que a estadunidense era na década de 1970), e ainda é a mais baixa da Europa; mas agora está sendo considerada pelas autoridades como um dos principais problemas de saúde pública.... E é ferozmente combatida; as taxas de obesidade infantil estão caindo na na França, enquanto continua a crescer em outros países... A expectativa média de vida na França é de 81 anos, a décima melhor expectativa de vida no planeta...

Não obstante, sabemos que a correlação média para o peso entre dois irmãos é de 34%, e entre pais e filhos é ainda mais baixa 26%... Quanto desta correlação esta relacionada com o meio compartilhado - alimentação, sedentariedade, cultura - e quanto está relacionada com a genética? Gêmeos idênticos compartilhando o mesmo meio tem correlação para o peso de 80%, enquanto gêmeos fraternos criados juntos tem somente 43%, o que responde a questão... Observem que os gêmeos idênticos tem quase o dobro de correlação em relação aos gêmeos fraternos, mas os gêmeos fraternos tem uma correlação muito similar a irmãos não-gêmeos... E observe ainda que gêmeos fraternos decorrem de genética diferentes, são dois óvulos distintos e dois espermatozoides distintos, assim como irmãos não-gêmeos... Pero, esta pequena melhora na correlação de 34% para 43% pode ser explicada por três importantes variáveis: primeiramente os óvulos e espermatozoides, no caso dos gêmeos fraternos, vem do mesmo 'lote', rrsrsrsrs... Ou seja, óvulos e espermatozoides que decorrem do mesmo 'padrão de qualidade' - saúde... Diferentemente dos irmãos não-gêmeos, que decorrem de diferentes 'lotes', em diferentes momentos da vida do casal, o que podem redundar em diferenças em relação à qualidade ou saúde dos mesmos... A qualidade de óvulos e espermatozoides poderia então ser afetada pela ação do tempo - e do meio - sobre o organismo... Pelo mesmo motivo, e seguindo a linha do tempo do casal, os gêmeos fraternos compartilharão o mesmo 'meio' gestacional, exposição bioquímica no útero através da placenta et cetera... 

Assim como gêmeos idênticos apresentam sempre correlações superiores entre si em relação aos gêmeos fraternos, os gêmeos fraternos por sua vez estarão sempre mais correlacionados entre si - embora de forma menos gritante - quando comprados com irmãos não gêmeos... Ou seja, temos o fator tempo atuando sobre a saúde de óvulos e espermatozoides, mas sobretudo o impacto da vida e do desenvolvimento gestacional, ou ontogenia... Finalmente, o terceiro fator, também associado ao tempo, que contribui na diferença entre gêmeos fraternos e não-gêmeos, em relação ao peso, está relacionado ao meio compartilhado, ou seja, os hábitos familiares podem variar no tempo, em função da cultura, da mudança do padrão de vida et cetera... 

Mas e quanto aos irmãos adotivos? Qual seria a correlação média esperada no caso do peso?  A-haaa... Apenas 4%... Ou seja, irmãos adotivos não compartilham nada mais do que o meio, e por isso apresentam as diferenças esperadas... Mas gêmeos idênticos criados por famílias inteiramente diferentes, tendo sido separados na maternidade, educados em culturas, países e continentes diferentes, ainda assim, apresentam 72% de correlação em relação ao peso... Isso solapa de vez a ideia de que o homem é produto do meio... A genética é bem mais influente em nossas vida do que o meio, que por suas vez não deixa de representar um importante fator...

Carlos Sherman