O Alcorão não foi estruturado como livro durante a vida de Maomé... À medida que o profeta recebia as - ditas - revelações, jovens - relativamente - letrados de sua comitiva tratavam de converter em texto, sob a supervisão auspiciosa de Zayd ibn Thabit, o 'coordenador' deste grupo arquivista... Thabit parecia antecipar o trabalho editorial que viria a seguir e tratou de dar equilíbrio aos registros no contexto do que um dia viria ser uma obra literária...
Os textos foram preservados em materiais diversos, tão variados como folhas de tamareira, pedaços de pergaminho, omoplatas de camelos, pedras, paredes de cavernas, e também na 'memória' dos seus primeiros seguidores... Durante as noites do Ramadão, por exemplo, Maomé recapitulava as tais 'revelações', em conferências onde estavam presentes os logógrafos - escritores profissionais - e os hafiz - fiéis seguidores que conheciam as passagens de cor...
Somente depois da morte de Maomé - em 632 -, iniciou-se o longo processo de recompilação dos diversos fragmentos, primeiramente sob a direção do califa Omar, e depois do 'editor', o califa Abu Bakr, auxiliado por diversos logógrafos e por dois hafiz... Cópias das primeiras 'edições' estão guardadas em museus no Iraque, no Egito - Museu do Cairo - e no Uzbesquistão... Para os Muçulmanos, esta é a maior prova de que o Alcorão "nunca foi modificado em sua existência" - o que veremos mais adiante, não é minimamente verdadeiro -, muito embora as 'revelações' de Maomé tenham passado por 'muitas e hábeis mãos' até a edição final... Apenas por curiosidade, a primeira versão completa do Alcorão foi publicada no Ocidente em 1694 por Abraham Hinckelmann - de Hamburgo -, um estudioso não-muçulmano...
O Alcorão descreve as 'origens do mundo', do 'homem' e as suas relações com 'o criador', e versa sobre 'moralidade'; copiando em parte o modelo Bíblico, do qual Maomé era conhecedor e seguidor... Maomé se auto-proclama o mais recente e último dos profeta do 'Deus de Abraão', em uma linhagem que considera - em ordem decrescente Jesus, Moisés, Davi, Jacob, Isaac, Ismael, além do patriarca Abraão... Assim como a Bíblia, o Alcorão também interfere diretamente na leis, rege os aspectos culturais, define moralidade, regras para trocas, comércio, etc... Foi escrito com o intuito de ser recitado e memorizado sem cessar... Os muçulmanos consideram o Alcorão sagrado, inviolável, inquestionável...
Politicamente Maomé unificou várias tribos árabes, o que permitiu a constituição de um império islâmico, que se estendeu da Pérsia até à Península Ibérica e Sul da França, passando por Bizâncio, e pelo Norte da África, e controlando todo o Mediterrâneo... Um imperialismo teológico, nos moldes da Santa Sé, e das Cruzadas: O Levante Islâmico... Nascido em Meca, Maomé foi durante a primeira parte da sua vida um comerciante, e realizou extensas viagens para a sua época... E neste contexto teve contato com a Bíblia, fonte de sua insPIRAÇÃO... Costumava isolar-se para orar e meditar nas montanhas perto de Meca... Diz a lenda que em 610, quando Maomé tinha quarenta anos, enquanto realizava um desses 'retiros espirituais' numa das cavernas do Monte Hira, foi visitado pelo anjo Gabriel - lá vem ele outra vez -, que teria ordenado a Maomé que recitasse uns versos enviados pelo próprio deus, o deus judaico-cristão, que agora passaria também a ser islâmico... 'Gabriel', o mensageiro, comunicou que deus havia escolhido Maomé - como fizeram antes com Abraão - como o último profeta enviado à humanidade... Destes delírios nasceu o Alcorão...
Na verdade Maomé seria também, 'segundo Gabriel', uma espécie de 'revisor' dos outros profetas... Aliás os muçulmanos desejam matar os judeus e cristãos, apenas por não haverem aceitado a figura do 'revisor', e último profeto... No Irã pude constatar de perto esta realidade... Eles afirmam "nós aceitamos Abraão, Cristo, e eles não aceitaram ao último e mais importante, Maomé", sendo este o motivo suficiente para declararem a sua Jihad assassína... "Morte aos infiéis"....
Muitos habitantes de Meca rejeitaram Maomé, alguns o perseguiram, mas depois viriam a ser terrivelmente perseguidos... A Caaba - "O Cubo" - era um centro importante, pois atraía peregrinos de diversos locais... O politeísmo era difundido e a idolatria era também uma fonte de lucro... Portanto, a condenação maometana à idolatria e sua imposição monoteísta - nos moldes bíblicos - seriam prejudiciais ao comércio mequense controlado pelos coraixitas...
A Caaba ou Kaaba - O Cubo -, "A Casa Sagrada/Proibida", é uma construção cuboide, reverenciada pelos muçulmanos na mesquita sagrada de al Masjid al-Haram em Meca, sendo considerada pelos devotos do Islã como o lugar mais sagrado do mundo... Mas a Caaba já estava lá ante de Maomé... E foi necessário, nos moldes do sincretismo judaico-cristão, com outros cultos romanos - como Mitra, Júpiter -, incorporar a Caaba... Trata-se tecnicamente de uma construção obviamente cúbica, de cerca de 15 metros de altura, permanentemente coberta por um manto escuro com bordados dourados, que é regularmente substituído... Em seu exterior, encravada em uma moldura de prata, encontra-se a Hajar el Aswad - "Pedra Negra" -, uma pedra escura, de cerca de 50 centímetros de diâmetro, que é uma das relíquias mais sagradas do islã, muito embora existisse bem antes de Maomé... Trata-se provavelmente de um fragmento de um meteorito... A Caaba, apesar do pendenga de Maomé contra os cultos politeístas que giravam em torno dela, é ironicamente o centro das peregrinações muçulmanas (hajj), e para onde o devoto muçulmano volta-se no momento de recitar o Alcorão (salat), várias vezes por dia.. Ironicamente este é o lugar mais sagrado do Islã....
Quando Maomé repudiou os deuses pagãos e proclamou um deus único, reza a lenda islâmica, que "Alá", muito condescendente, decidiu poupar a Caaba... E antão de 'poupada', passou a 'meca' da nova religião reinante por aquelas bandas... No período pagão, a Caaba provavelmente simbolizava o sistema solar, abrigando 360 ídolos, sendo assim uma representação zodiacal... O edifício foi restaurado diversas vezes; a construção atual é datada do século VII, substituindo a mais antiga que foi destruída no cerco de Meca em 683, pelo próprio Maomé e seus fanáticos seguidores... Teologia política, porque Maomé era esquizofrênico, mas não era bobo...
E tem mais, segundo a fábula islâmica, quando Abraão propagou pelo Iraque a crença monoteísta JUDAICA, foi perseguido... Então, sendo necessário um novo local, simples, que servisse como novo ponto de adoração monoteísta, Abraão teria escolhido Meca... Pela simples razão de "Meca ser, geograficamente, o centro do mundo"... É? É mole ou quer mais... Mas eles são tinhosos, e dizem que isso está 'profetizado', a construção da Caaba, no Alcorão e na Bíblia:
"E apareceu o SENHOR a Abrão e disse: À tua semente darei esta terra. E edificou ali um altar ao SENHOR, que lhe aparecera.
E moveu-se dali para a montanha à banda do oriente de Betel e armou a sua tenda, tendo Betel ao ocidente e Ai ao oriente; e edificou ali um altar ao SENHOR e invocou o nome do SENHOR."
Gênesis [12, 7,8]
Me parece claríssimo, não acha??? Mas também foi descrito no Alcorão:
"E quando Abraão e Ismail elevam as fundações da casa, dizendo, Nosso Senhor! aceita de nós (este trabalho). Certamente Tu escutas, és conhecedor."
Capítulo [2, vers. 127]
Claríssimo, como sempre...
Mas em função da enorme rejeição, em 622, Maomé foi obrigado a abandonar Meca - similar à fuga do Egito -, e esta migração sagrada é conhecida como a Hégira (Hijra)... De Meca Maomé fugiu para para Yathrib (atual Medina)... Em Yatrib, Maomé fundou e tornou-se líder da primeira comunidade muçulmana... Seguiram-se anos de batalhas sangrentas entre os habitantes de Meca e Medina, pelo simples fato de que os muçulmanos queriam impor a conversão aos infiéis... Maomé e seus seguidores fanáticos seguidores foram vencedores... E o mundo perdeu com isso, mais do que os habitantes de Meca... Mas certamente a sandice cristão teria avançado ainda mais, se Maomé não fosse o contraponto, ou talvez simplesmente o mundo árabe livre da tirania maometana pudesse representar um vetor de lucidez, nesta zona tão devastada pela ignorância... Antes de morre Maomé conseguiu unificar praticamente todo o mundo árabe sob o signo marcial do islamismo... Morreu de causas naturais, doente, com muita febre, talvez com AIDS, talvez em função de alguma doença venérea, aliás, com tantas mulheres, sem distinção de idade, como a sua 'gatinha de 09 anos'... Ou de câncer, quem sabe... Mas Maomé morreu aos 62, e viveu mais do que Cristo, que morreu prematuramente antes de completar 34 - supostamente condenado à morte por incentivar a desordem...
O Alcorão é pois a palavra de deus para os muçulmanos - assim como a Bíblia serve aos judeus e cristãos -, sagrado e imutável, e que fornece TODAS as respostas acerca das necessidades humanas diárias, tanto espirituais como materiais... Ele discute 'deus', seus nomes e atributos, discute o destino dos crentes e suas virtudes, e o destino dos não-crentes (kuffar)... Discute até mesmo temas ligados à 'natureza', evidentemente de forma absurda... Os muçulmanos não seguem apenas as leis do Alcorão, eles também seguem os exemplos do profeta ou Sunnah, e um 'guia prático para a interpretação do Alcorão' ou Hadith... Os muçulmanos também seguem o livro de Ibrahim (que se perdeu, já era), a lei de Moisés (Torá, Antigo Testamento ou Pentateuco), os Salmos de David (o Zabûr) e o evangelho de Jesus (o Injil, ou Novo Testamento)... O Alcorão descreve cristãos e Judeus como "povos do Livro" (ahl al Kitâb)... Os ensinamentos do Islã remontam muitos dos personagens do judaísmo e do cristianismo... Personagens bíblicas como Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Maria e João Batista são também mencionados no Alcorão como profetas do Islã... No entanto, os muçulmanos referem-se a tais personagem por seus nomes em árabe, o que criar a ilusão de que se tratam de personagens diferentes - como Alá para Deus, Iblis para Diabo, Ibrahim para Abraão, etc... Os islâmicos também apostam no Juízo Final, e na vida após a morte (Akhirah)...
O Alcorão está organizado em 114 capítulos, denominados suras, divididas em livros, seções, partes e versículos... No mesmo esquema da bíblia... Considera-se que 92 capítulos foram 'revelados' a Maomé em Meca, e 22 em Medina... Mas os capítulos estão sequenciados em função do seu tamanho, e não de acordo com a cronologia... Cada sura pode por sua vez ser subdividida em versículos (ayat)... O número total de versículos é 6536 ou 6600, conforme a forma de os contar... A sura maior é a segunda, com 286 versículos; as suras menores possuem apenas três versículos... Apesar de numerados, os capítulos são tradicionalmente identificados por nomes como por exemplo: 'A Vaca', 'A Abelha', 'O Figo' ou 'A Aurora'... Muito embora o conteúdo de cada capítulo - ou suras - normalmente não tenham nenhuma relação com o título...
Suras:
Abertura; A vaca; A tribo de Omran; As mulheres; A mesa servida; O gado; As alturas; Os espólios; O arrependimento; Jonas; Hud; José; O trovão; Abraão; Al-Hijr; As abelhas; A viagem noturna; a gruta; Maria; Taha; Os profetas; A peregrinação; Os crentes; a luz; O discernimento; Os poetas; As formigas; As narrativas; A aranha; Os bizantinos; Lukman; A prostração; Os coligados; Sabá; O criador; Ia. Sin; As fileiras; Sad; Os grupos; O perdoador; ; Os versículos detalhados; a consulta; Os ornamentos; A fumaça; a ajoelhada; As dunas; Muhamad; Vitória; Os aposentos; Kaf; Os furacões; O monte; A estrela; a lua; o clemente; O dia inelutável; O ferro; a discussão; O reagrupamento; A mulher testada; as fileiras; Sexta-feira; Os hipócritas; O logro mútuo; O divórcio; As proibições; O reino; A pena; O inelutável; As escadas; Noé; Os djins; O encontro; O emantado; A ressurreição; O homem; Os emissários; A notícia; Os arrebatadores; Ele franziu as sobrancelhas; O obscurecimento; a terra fendida; Os defraudadores; Fenda no céu; As constelações; O visitante da noite; O altíssimo; O que tudo envolve; A aurora; a cidade; O sol; A noite; A manhã; O alívio; O figo; O coágulo; Kadr; A prova; O terremoto; Os corcéis; a calamidade; A rivalidade; A tarde; O difamador; O elefante; Koraich: A caridade; a abuindância; Os descrentes; O socorro; A corda de esparto; A sinceridade; A alvorada; Os homens;
Mas a versão do Alcorão usada atualmente, sofreria ainda mais um revisão, desta vez final, e comandada por 'Uthman ibn 'Affan, o Terceiro Califa - chefe muçulmano -, cerca de vinte anos após a morte de Maomé... Finalmente o material 'revelado', transmitido verbalmente, anotado por muitos, revisado por outros, decorado, recitado novamente, reeditado, revisado mais uma, duas três vezes, viria a se tornar o Alcorão oficial... E Uthman não perdeu tempo, ordenando a severa destruição de todas as outras versões existentes à época... Muitos protestaram contra, e não viveram para protestar mais... Mas tais protestos mostraram que poderiam haver importantes variações entre as diferentes versões do Alcorão...
Muitas contradições advém de todas estas emendas... De acordo com a 'tradição', um tal de Mas'ud - brother de Maomé - estava escrevendo as suratas (cada um dos capítulos em que se divide o Alcorão), enquanto um tal de Zaid ainda era um bebê... Na mesma época, outro escritor, Ubay, secretário pessoal de Maomé, também estava dedicado aos contos, ou suratas... Sendo que, ao final, estas versões acabariam por discordar da versão Zaid, escrita a posteriori, além de discordarem entre si, por exemplo, nas suratas 2:204, 4:101, 4:143, 5:48 e 17:6... Suratas completas encontradas em uma versão estão faltando em outra.... Uma zona... O mesmo ocorre entre os evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João, sendo que Marco é claramente a base, e fonte para Lucas e Mateus - concordam os estudiosos -, enquanto João viaja geral na maionese, e as contradições eclodem, aos montes... E estamos falando de livros perfeitos, escritos por seres perfeitos, para anunciar uma palavra perfeita...
Portanto o Alcorão possui - assim como a bíblia - partes perdidas e adicionadas aos 'ensinamentos' - revelados - originais de Maomé... De forma é contraditória e vergonhosamente descabida a afirmação islâmica de que seu "Livro Sagrado" é uma transcrição perfeita das tábulas do céu, recitadas à Maomé pelo anjo Gabriel... Também enfrentamos o mesmo problema com a Bíblia...
As leis muçulmanas refletem uma sociedade machista e misógina - como a Bíblia... Homens podem dispor e tomar para si mulheres, como um patrimônio - surata 4:11,176... Além disso, para as quatro esposas permitidas pela lei, um muçulmano pode ter um número ilimitado de 'jovens' - mas jovens mesmo - escravas e concubinas - parceiras sexuais -, de acordo, por exemplo, com a surata al-Nisa 4:24-25 - assim como em várias passagens bíblicas... Até o paraíso implica em desigualdades sexuais: as suratas 55:56, 55:36 e 78:33 determinam que o paraíso é um lugar onde existem belas moças virgens esperando para servir "corretamente" ao homem (surata 78:31)... Na Bíblia, a misoginia está estampada, por exemplo na lei que afirma que somente homens "não contaminados com mulheres serão salvos"... Essas "jovens" - e jovem para Maomé era jovem mesmo - "terão grandes, lustrosos e belos olhos", segundo a surata 56:22... Elas serão "donzelas pudicas, que evitaram tirar seus olhos da pureza" -suratas 55:56 e 55:22 -, e possuem um "estado de compleição rosado" - suratas 55:58 e 52:11 -, seja lá o que isso signifique... Como na santidade bíblica... Mas, de onde surgiram essas virgens? E o que se espera destas mulheres no céu? As 'leis do casamento', no Alcorão, são cretinamente convenientes para Maomé, e endossam a maneira em que ele pretendia viver...
Muitas contradições são encontradas no Alcorão, além de cópias da Torá - Antigo Testamento... Os autores, editores e revisores do Alcorão afirmam por exemplo que o nome "Yahya" nunca havia sido utilizado para 'deus', antes de João Batista (surata 19:7), porém encontramos o nome mencionado no Velho Testamento (II Reis 25:23) indicando que o mesmo era conhecido séculos antes de o próprio Alcorão ser escrito... Por engano, o autor da surata 5:116 pensou que os cristãos adoravam três deuses: o Pai, a Mãe (Maria) e o Filho (Jesus)... Isso mostra, mais uma vez, a falta de entendimento e relatos confiáveis no Alcorão... As Suratas 7:54, 10:3, 11:7 e 25:59 determinam com clareza que Deus criou "os céus e a terra" em seis dias... Mas as suratas 41:9-12 detalham que a criação demorou mais de oito dias... Segundo o Alcorão (surata 18:89-98), Alexandre Magno seria um devoto muçulmano e teria vivido por muito tempo... Porém, os registros históricos mostram que Alexandre Magno morreu jovem - aos trinta e três anos de idade (356-323 a.C.)... Diz também que ele era considerado divino, fato que contraditoriamente seria uma blasfêmia para os muçulmanos... E, para completar, Alexandre ergueu nas margens do Rio Bias (no noroeste da Índia) doze altares para os doze deuses gregos, provando mais uma vez que o Alcorão apresenta erros históricos e religiosos...
Enfim, como qualquer outro "Livro Sagrado" o Alcorão está recheado de mitos e lendas, grandes contradições históricas e passagens enganosas, ajustados para submeter pelo medo, advindo originalmente da cabeça de louco, esquizofrênicos, como na Bíblia... Não há nada de sagrado, mas sobra muito de humano - neuropatologicamente falando...
Carlos Sherman
Com o apoio do fragmento de diversas fontes, links e livros...