O falastrão do momento, Alain De Botton, deflagrou o seguinte arsenal de asneiras:
"A sociedade sempre foi dividida entre os que acreditam em uma entidade divina e aqueles que não. A proporção entre os dois grupos no Ocidente sempre foi muito grande, com o primeiro sendo a maioria esmagadora até meados do século XV. Com a chegada do Renascimento e sem o perigo de terminar na fogueira por conta da Inquisição, a elite pensante quis aplicar a racionalidade em todos os aspectos do homem, inclusive nas crenças religiosas. A partir daí, o número de ateus começou a crescer.
Contudo, a “crença” ateísta não evoluiu muito com o passar do tempo. Se ser ateu é não acreditar na existência de um deus, a maioria passa simplesmente a criticar as crenças daqueles que acreditam. Isso é fácil de fazer: pegar um sistema complexo, com milhares de anos de existência, encontrar uma falha na base do sistema (ou pensar que encontrou) e desmerecer todo o resto.
Se você parar para pensar, as religiões estão por aí há bastante tempo. Bastante mesmo. Nelas, há mais do que apenas crença num ser divino superior. É um conjunto de costumes e tradições que vêm se acumulando há muitas gerações. Simplesmente assumir que está tudo errado e não repousar um olhar mais atento à complexidade dessas crenças é cometer o crime do reducionismo.
Baseado nessa linha de pensamento, o filósofo Alain de Botton sugere, em uma palestra do TED, o nascimento de uma nova versão do ateísmo – o que ele chama de Ateu 2.0. Esse novo perfil de descrente vai além da mesmice de negar, negar, negar. Ele estuda as religiões e tenta entender o que tudo aquilo pode ensinar.
1. A religião educa melhor
2. Nós não somos apenas cérebros, somos também corpos
3. O uso didático da arte
4. Nós precisamos nos unir"
Ridículo...
É simples... Acreditar para quê? Alain De Botton não entende que com o Método, a Epistemologia, e o escrutínio da razão exigindo provas, o verbo crer torna-se totalmente dispensável... Você poderá até ter uma opinião espúria, pessoal, não embasada, mas 'crer', no sentido de nortear a vida e conduzir a milhares através de suas fantasias ou neuroses, isso não será mais útil - nem aceitável... Trata-se de um completo rompimento de paradigma... Além do que, estamos entendendo a genealogia das crenças, começando pela Neurociência e enveredando pela Psicologia Experimental, e tendo a Genética como impulsionador de ambas... Então, quando De Bottom diz que "a sociedade sempre foi dividida entre os que acreditam em uma entidade divina e aqueles que não", trata-se de falácia... Não, a sociedade não é digital - tudo ou nada - no sentido das crenças, e não precisará sequer de tal conceito em um futuro cercano... O Método expõe o motivo por trás de tal afirmação... Vivo sem conjugar o verbo crer... Muitos fazem o mesmo...
De Botton é um sensacionalista, disposto a chamar a atenção com declarações e teorias bombásticas... Para tangenciar teorias inovadoras e preciso mais do que ambição... De Botton está longe deste 'algo mais'... De Botton insiste em uma 'crença do não-crer'... E isso não procede... O divisor de águas, a quebra de paradigma, insisto, é o Método Científico... Religiões também não são sistemas tão complexos, e tempo e quantidade não levam necessariamente a qualidade... Estamos vivendo a o nascimento da 'Ciência', do 'tornar-se ciente', ao invés de exercitar o mero 'constructo' da 'achologia', e ainda chamar um monte de baboseiras empoladas de 'filosofia'... Teremos tento para viver as consequências de uma atitude Ética, pelo Ceticismo... E mais, as tradições religiosas estão fundadas sobre o desconhecimento, não são realmente grande coisa, e não apresentam a menor utilidade, nem moral nem educativa... As nossas melhores práticas morais e educativas não vieram de livros religiosos, a menos que você considerar apedrejar filhos até a morte uma boa maneira de combater a rebeldia, ou matar animais um boa maneira de aplacar a ira dos deus, ou para que o ciclo da água seja revertido a seu favor, fazendo chover na estiagem... Ou a menos que considere mulheres inferiores a homens, a escravatura normal, e que leprosos são imundos, deficientes físicos abomináveis, e que as doenças - todas - são possessão demoníaca...
Repito, morremos menos ao nascer vivemos muito mais, e comemos melhor, e sofremos menos... Desde o homem de Cro-magnom até o fim da Idade Média, nada havia sido significativamente alterado, mas com o acender das luzes do Método Científico tudo mudou... De Bottom não entende isso... Mas considero 'ativismo ateu' uma besteira, rsrsrsrs... Devemos educar, sobre Lógica, Epistemologia, História, Física, Biologia, Química, Matemática, Neurociência, Antropologia, etc... Mas não devemos confrontar pessoas geneticamente hipnotizáveis ou com problemas nos lobos temporais com militância...
Vamos aos dogmas de De Botton:
1. Religião Educa Melhor: ridículo, absurdo... As religiões baseadas em desconhecimento e preconceito nada sabem sobre educação... É ridículo... Como a generalização abrange 'religião', vou exemplificar com um religião, um das grandes, o Cristianismo... O Cristianismo exalta aos pais que baterem com filhos nas pedras, e exorta a que apedrejem seus filhos rebeldes até a morte, ordena que metemos nos familiares hereges, e que matemos os nossos entes queridos com espadas, sem maiores cerimônias para mostrar a nossa completa submissão a deus... Se isso é educação bem submetida, acho que precisaremos estabelecer primeiro o que é educação...
2. Não Somos Apenas Cérebros, Somos Também Corpos: dá vontade de rir... Cérebros são corpos... Não existe esta besteira platônica-aristotélica-agostiniana-cartesiana... Não existe absolutamente nenhuma divisão entre corpo e cérebro, ou corpo e mente, nem muito menos existe alma, e portanto também não existe a ignóbil divisão corpo e alma... Absurdo... Devemos pensar em cuidar do corpo, o que fatalmente beneficiará a parte mais importante dele, e que caracteriza a própria vida e a individualidade humana: o cérebro...
3. O Uso Didático da Arte: isso é cretino e ridículo... Utilizar imagens assustadoras para criar temor, e corroborar a submissão não pode ser entendido como 'amor pela arte'... Lembrem-se de que as pessoas não sabiam ler, e seria prejudicial se soubessem... Poderiam ler a Bíblia, para descobrir um manual de morte sem igual em nome do non-sense absoluto... Solução: lavagem cerebral 'audio visual'... As torres das igrejas eram as mais elevadas, 'reverb' para que o sermão parecesse vir dos céus, imagens grotescas e assustadoras para ilustrar todo este esquema de dominação e poder sobre a ignorância... Isso não era arte, mas de 'soslaio', impulsionou a arte... E muitos, entre eles Michelangelo e Da Vinci, aproveitaram a deixa para 'algo mais', tendo sido pois, em seguido, monitorados e perseguidos pelo Santo Ofício... É ridículo atribuir este esquema de marketing ao amor pela arte...
4. Nós Precisamos Nos Unir: finalmente trata-se de outra falácia crer que a 'união' depende da religião e da crença no sobrenatural... Absurdo, falacioso, infundado... Ao menos que considere a 'união' entre aqueles que pagam o dízimo na mesma paróquia - enquanto fofocam sobre a vida alheia - e que acreditam, por temor, que irão ao mesmo lugar pelo super-poder da imortalidade, útil a algum propósito prático... A religião JAMAIS uniu a humanidade... Ao contrário... Precisamos prescindir de toda esta falácia religiosa para sermos uma só nação humana... A religião tem dividido e separado... Acordem, estudem, leiam as notícias... A religião destrói e separa... Essa é verdade... O humanismo une a humanidade, a religião une a congregação, pregando a morte daqueles que pensam de forma diferente...
Finalmente tenho dito que não apoio a militância ateísta, e nisso estou de acordo com De Bottom... E também penso que não crer em fantasminhas e em super poderes é só o começo... E precisaremos de muito mais do que isso para nos distinguirmos como humano... De Bottom tangencia o problema, mas o tiro sai pela culatra, em parte porque pretende ser espalhafatoso e inovador, em parte porque tenta manter um política de boa vizinhança com os crentes... E existe um caminho melhor do que esse... Crentes são vítimas, ora de sua neurofisiologia, ora de processos de lavagem cerebral muito bem elaborados... Mas são vitimas... Os pregadores do púlpito seus algozes... E a partir do estudo abnegado, submetendo toda e qualquer matéria ao escrutínio da pensabilidade, devemos entender como a vida realmente funciona, e ensiná-la, para coibir injustiças, buscando o melhoramento contínuo de nossa sociedade... Não existem utopias, sermos sempre imperfeitos, e que bom... O movimento vem da imperfeição e não o contrário... De Bottom alterna certo entendimento com asneiras populistas, e termina mal na fotografia...
Enfim, uma asneira quadrangular... Ou uma asneira em quatro lições... Não sei como o TED abriu espaço para um cara tão fraco como De Bottom...
Carlos Sherman
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