Um grande asneira em quatro lições...
É simples... Acreditar para quê? Alain De Bottom não entende que com o Método, a Epistemologia, e o escrutínio da razão exigindo provas, o verbo crer torna totalmente dispensável... Você poderá até ter uma opinião espúria, pessoal, não embasada, mas 'crer', no sentido de nortear a vida e conduzir a milhares através de suas fantasias ou neuroses, isso não será mais útil - nem aceitável... Trata-se de um completo rompimento de paradigma... Além do que, estamos entendendo a genealogia das crenças, começando pela Neurociência e enveredando pela Psicologia Experimental, e tendo a Genética como impulsionador de ambas... Então, quando De Bottom diz que "a sociedade sempre foi dividida entre os que acreditam em uma entidade divina e aqueles que não", trata-se de falácia... Não, a sociedade não é digital - tudo ou nada - no sentido das crenças, e não precisará sequer de tal conceito em um futuro cercano... O Método expõe o motivo por trás de tal afirmação... Vivo sem conjugar o verbo crer... Muitos fazem o mesmo...
De Bottom é um sensacionalista, disposto a chamar a atenção com declarações e teorias bombásticas... Para tangenciar teorias inovadoras e preciso mais do que ambição... De Bottom está longe deste 'algo mais'... De Bottom insiste em uma 'crença do não-crer'... E isso não procede... O divisor de águas, a quebra de paradigma, insisto, é o Método Científico... Religiões também não são sistemas tão complexos, e tempo e quantidade não levam necessariamente a qualidade... Estamos vivendo a o nascimento da 'Ciência', do 'tornar-se ciente', ao invés de exercitar o mero 'constructo' da 'achologia', e ainda chamar um monte de baboseiras empoladas de 'filosofia'... Teremos tento para viver as consequências de uma atitude Ética, pelo Ceticismo... E mais, as tradições religiosas estão fundadas sobre o desconhecimento, não são realmente grande coisa, e não apresentam a menor utilidade, nem moral nem educativa... As nossas melhores práticas morais e educativas não vieram de livros religiosos, a menos que você considerar apedrejar filhos até a morte uma boa maneira de combater a rebeldia, ou matar animais um boa maneira de aplacar a ira dos deus, ou para que o ciclo da água seja revertido a seu favor, fazendo chover na estiagem... Ou a menos que considere mulheres inferiores a homens, a escravatura normal, e que leprosos são imundos, deficientes físicos abomináveis, e que as doenças - todas - são possessão demoníaca...
Repito, morremos menos ao nascer vivemos muito mais, e comemos melhor, e sofremos menos... Desde o homem de Cro-magnom até o fim da Idade Média, nada havia sido significativamente alterado, mas com o acender das luzes do Método Científico tudo mudou... De Bottom não entende isso... Mas considero 'ativismo ateu' uma besteira, rsrsrsrs... Devemos educar, sobre Lógica, Epistemologia, História, Física, Biologia, Química, Matemática, Neurociência, Antropologia, etc... Mas não devemos confrontar pessoas geneticamente hipnotizáveis ou com problemas nos lobos temporais com militância...
Vamos aos dogmas de De Bottom:
1. Religião Educa Melhor: ridículo, absurdo... As religiões baseadas em desconhecimento e preconceito nada sabem sobre educação... É ridículo... Como a generalização abrange 'religião', vou exemplificar com um religião, um das grandes, o Cristianismo... O Cristianismo exalta aos pais que baterem com filhos nas pedras, e exorta a que apedrejem seus filhos rebeldes até a morte, ordena que metemos nos familiares hereges, e que matemos os nossos entes queridos com espadas, sem maiores cerimônias para mostrar a nossa completa submissão a deus... Se isso é educação bem submetida, acho que precisaremos estabelecer primeiro o que é educação...
2. Não Somos Apenas Cérebros, Somos Também Corpos: dá vontade de rir... Cérebros são corpos... Não existe esta besteira platônica-aristotélica-agostiniana-cartesiana... Não existe absolutamente nenhuma divisão entre corpo e cérebro, ou corpo e mente, nem muito menos existe alma, e portanto também não existe a ignóbil divisão corpo e alma... Absurdo... Devemos pensar em cuidar do corpo, o que fatalmente beneficiará a parte mais importante dele, e que caracteriza a própria vida e a individualidade humana: o cérebro...
3. O Uso Didático da Arte: isso é cretino e ridículo... Utilizar imagens assustadoras para criar temor, e corroborar a submissão não pode ser entendido como 'amor pela arte'... Lembrem-se de que as pessoas não sabiam ler, e seria prejudicial se soubessem... Poderiam ler a Bíblia, para descobrir um manual de morte sem igual em nome do non-sense absoluto... Solução: lavagem cerebral 'audio visual'... As torres das igrejas eram as mais elevadas, 'reverb' para que o sermão parecesse vir dos céus, imagens grotescas e assustadoras para ilustrar todo este esquema de dominação e poder sobre a ignorância... Isso não era arte, mas de 'soslaio', impulsionou a arte... E muitos, entre eles Michelangelo e Da Vinci, aproveitaram a deixa para 'algo mais', tendo sido pois, em seguido, monitorados e perseguidos pelo Santo Ofício... É ridículo atribuir este esquema de marketing ao amor pela arte...
4. Nós Precisamos Nos Unir: finalmente trata-se de outra falácia crer que a 'união' depende da religião e da crença no sobrenatural... Absurdo, falacioso, infundado... Ao menos que considere a 'união' entre aqueles que pagam o dízimo na mesma paróquia - enquanto fofocam sobre a vida alheia - e que acreditam, por temor, que irão ao mesmo lugar pelo super-poder da imortalidade, útil a algum propósito prático... A religião JAMAIS uniu a humanidade... Ao contrário... Precisamos prescindir de toda esta falácia religiosa para sermos uma só nação humana... A religião tem dividido e separado... Acordem, estudem, leiam as notícias... A religião destrói e separa... Essa é verdade... O humanismo une a humanidade, a religião une a congregação, pregando a morte daqueles que pensam de forma diferente...
Finalmente tenho dito que não apoio a militância ateísta, e nisso estou de acordo com De Bottom... E também penso que não crer em fantasminhas e em super poderes é só o começo... E precisaremos de muito mais do que isso para nos distinguirmos como humano... De Bottom tangencia o problema, mas o tiro sai pela culatra, em parte porque pretende ser espalhafatoso e inovador, em parte porque tenta manter um política de boa vizinhança com os crentes... E existe um caminho melhor do que esse... Crentes são vítimas, ora de sua neurofisiologia, ora de processos de lavagem cerebral muito bem elaborados... Mas são vitimas... Os pregadores do púlpito seus algozes... E a partir do estudo abnegado, submetendo toda e qualquer matéria ao escrutínio da pensabilidade, devemos entender como a vida realmente funciona, e ensiná-la, para coibir injustiças, buscando o melhoramento contínuo de nossa sociedade... Não existem utopias, sermos sempre imperfeitos, e que bom... O movimento vem da imperfeição e não o contrário... De Bottom alterna certo entendimento com asneiras populistas, e termina mal na fotografia...
Carlos Sherman
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