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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Cabeça de Pedra...




Um dia desses, li em um site/blog criacionista e pseudocientífico, que a ‘Datação Radiométrica é falsa’... E isso porque estaríamos – nós, cientistas – ‘assumindo incorretamente que as rochas são sistemas perfeitamente fechados’, e porque estamos assumindo também ‘incorretamente, que nenhum isótopo foi adicionado ou subtraído da rocha’ durante sua existência... Na verdade, tais questões demonstram profundo desconhecimento sobre Datação Radiométrica, e são tendenciosas, e claramente não discutem a verdade, procurando apenas – e através de argumento falacioso – lançar confusão sobre o tema...

Explico:

Sistemas ‘absolutamente fechados não existem na natureza’, mesmo sob condições ideais e controladas em um laboratório... No entanto, muitas pedras aproximam-se de sistemas ditos fechados, e sua datação pode ser corroborada por diferentes métodos Radiométricos, com variância em torno de 1% nos resultados... Os diferentes estados de conservação da amostra, podem também permitir o cálculo de diferentes margens de erro. De forma que a Datação Radiométrica realmente produz resultados consistentes, principalmente em períodos muito longos, e para situar uma amostra dentro de uma ERA ou período Geológico – GeoCronologia...


Na verdade não esperávamos que a Datação Radiométrica fosse tão precisa... Poderíamos perfeitamente conviver com uma margem de erro bem maior...

Algumas rochas podem ser expostas à contaminação externa, mas algumas amostras estão muito bem conservadas... A maioria das datações, são determinados a partir de minerais múltiplos e amostras de rochas, que dão uma data consistente dentro de 1 e 3 por cento de margem... Sendo extremamente improvável que a contaminação afete todas as amostras da mesma forma... Ou seja, um padrão se repete, demonstrando que a exposição não afeta o resultado a ponto de invalidá-lo... Exatamente o contrário... Demonstra elevada precisão no método...

Métodos de Datação Isócrona– Isochron -, podem detectar a contaminação com extrema e precisão, até certo ponto, exatidão... Os Isócronos são determinados a partir de amostras múltiplas, e a contaminação teria que afetar todas as amostras – e da mesma maneira -, de desta forma o resultado também é multiplamente corroborado... Trata-se de uma técnica comum de Datação Radiométrica e costuma ser aplicada a determinados eventos e amostras, tais como cristalização, metamorfismo, eventos de choque, e diferenciação na formação de rochas... A Datação Isócrona pode ser ainda utilizada para datar rochas extraterrestres ou meteoritos...

Na Datação com Urânio-Chumbo, a exposição dos sistemas – rochas – pode ser testada, em função de existirem dois isótopos de urânio - 238U e 235U - que se decompõem para diferentes isótopos de chumbo - 206Pb e 207Pb, respectivamente... Se o sistema se manteve fechado, então um lote de 206Pb / 238U 207Pb contra um lote de 207Pb / 235U, decairá sempre seguindo um padrão... ‘Mesmo quando as amostras são discordantes, datas bem confiáveis podem ser encontradas’ (Faure 1998, 287-290)...
Os Geocronologistas, cientistas de fato, estão bem cientes dos riscos de contaminação em amostras, e todos os esforços são empreendidos para minimizá-los, porque buscamos a verdade, e não corroborar crenças infundadas... Não usamos amostras expostas ao tempo, e como disse, todo o cuidado é pouco... Mas todo este esforço, este gigantesco esforço, que consome dinheiro, mentes, e vidas, em prol da verdade, não pode ser questionado senão, por quem se deu ao trabalho de entender como as coisas funcionam... Este meticuloso trabalho em nada se assemelha à fábula bíblica, criando coisas ao acaso, do nada, sem explicações, nem cronologia, e nem nada, além de medo e ameaça...

É muito triste perceber que em lugar de cérebros, muita gente, muita mesmo, tem rochas dentro do crânio...

Carlos Sherman

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