Porque
acreditar em algo, sem a menor sustentação, pode ser nobre? A fé... O que Por
que seria nobre ter fé na própria salvação, em ser uma pessoa especial e
bendita, apenas porque, contra todas as evidências ‘teima em acreditar’ em algo
inacreditável... Porque ter fé seria nobre ou bom? Como acreditar no que não
existe pode ser bom? Ter fé na minha opinião é anti-ético... Contraria o
principio da prova, sendo portanto injusto... Ter fé é a lição número um, no
paraíso, quando deus proíbe a Adão o ‘discernimento’, entre o que é certo e o
que é errado... Adão vira as costas para a fé, e ganha a liberdade e a dignidade...
Deus quer sentenciar o homem à inconsciência... Não fosse uma deslavada estória
da carochinha, e apenas metaforicamente, tenho orgulho de descender de Adão...
Um homem que ousou contrariar o poder vigente, deus, para ser justo... Fé é
sinônimo de alienação, oportunismo e fraqueza... Ter fé é, sobretudo, um sinal
de despreparo e pouca instrução... Ter fé significa ignorar a realidade...
Vamos enfrentar um tribunal com testemunhos de fé? Sem evidências, sem provas,
sem nada... Apenas capricho, desejo e querer...
Nos
países onde predomina a fé também predominam a violência, as desigualdades, a
fome, as elevadas taxas de mortalidade infantil, e os piores indicadores de
qualidade de vida e instrução... Mas existirá compensação de todo este flagelo
na vida eterna... Tenha fé...
Outro
ponto importante, é que as pessoas ‘de fé’, costumam evitar a discussão sobre a
origem da fé e mesmo da validade da fé, para centrar todo o debate apenas no
caráter positivo, ou inofensivo da fé... Mas como bem disse Bertrand Russell,
‘não pode haver nenhuma utilidade em acreditar no que não é verdade’... Mas a fé não é positiva, nem tampouco
inofensiva... Conhecer a ‘história da fé’, é fundamental para entender esta
questão, e mesmo sob as condições atuais e distantes da Idade Média, a fé
afasta o crente de entender como realmente as coisas funcionam, e equivocar-se
deste forma não pode ser positivo, e seguramente é o caminho mais curto para a
alienação...
E uma
questão essencial, por ilusão de ótica, parece secundária... Pra que ter fé?
Porque não tentar entende, observar, estudar, e realmente saber como
determinado fenômeno funciona... Por exemplo, a Matança da Páscoa, começa a se desenrolar no Convento de São
Domingos de Lisboa, no dia 19 de abril de 1506, um domingo, quando os fiéis
rezavam pelo fim da seca e da peste que assolava Portugal... Então, ‘um crente jurou
ter visto no altar o rosto de Cristo iluminado’ — fenômeno este, que para os crentes
católicos presentes, só poderia ser interpretado como uma mensagem de
misericórdia do Messias – ou seja, ‘mais um’ milagre... Um ato de FÉ... Um
cristão-novo que também participava da missa tentou explicar que esse milagre
era apenas o reflexo da uma luz, mas foi calado pela multidão, que o espancou
até a morte... A partir daí, a multidão saiu da igreja e encorajada pelos
clérigos passou a massacrar indistintamente todos os judeus que encontravam
pela frente, mulheres, crianças e homens... Os judeus da cidade que
anteriormente já eram vistos com desconfiança tornaram-se o bode expiatório da
seca, da fome e da peste... Foram três dias de perseguição, estupro, torturas, mortes,
e a ‘fogueira santa’... O cheiro de carne queimada... O cheiro da ignorância...
Tudo em nome da fé... A sua fé inofensiva tem este DNA... Pense nisso...
Se você
considera que, na sua crença, está à salvo dos bandidos da Igreja Universal,
Mundial, Renascer, Deus é Amor, lembre-se, a fé dos crentes e inocentes quem freqüentam
estes antros, tem a mesma etimologia que a sua fé... Na verdade é a mesma fé, o
mesmo fenômeno... Pense nisso...
Mas a
verdade não tem adjetivos... Persiste, Insiste, Resiste e Penetra... Dizer que
um crente é mais feliz porque tem fé, é dizer que um bêbado é mais feliz do que
um homem lúcido...
Carlos
Sherman
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