Se a vontade do
homem é livre ou não? A questão ela mesma é imprópria; e é tão insignificante
perguntar se a vontade do homem é livre quanto perguntar se seu sono é veloz,
ou sua virtude quadrada: a liberdade sendo tão pouco aplicável à vontade,
quanto a velocidade do movimento ao seu sono, ou a quadratura à virtude. Todo o
mundo deve rir da absurdidade de uma questão tão peculiar quanto essa: porque é
óbvio que as modificações do movimento não pertencem ao sono, nem a diferença
de figura à virtude; e quando se considera isso bem, penso que se percebe que a
liberdade, a qual é apenas um poder, pertence apenas aos agentes, e não pode
ser um atributo ou modificação da vontade, a qual também é apenas um poder.
John Locke
(Ensaio acerca do Entendimento Humano, livro 2, capítulo 21, parágrafo 14)
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