Estou em São José
do Rio Preto, uma viagem relâmpago, são quase 02:00hs, mas não perderia esta
resposta por nada deste mundo, rsrsrsrs... 'Sim amiga'... Tudo se resolve no
cérebro... A velha divisão da antiguidade clássica, corpo e mente, levada a
cabo pelos romanos em "mens sana in corpore sano", e encaminhada pelo
cartesianismo, não procede... Assim como não procediam, o ‘éter’, a ‘alma’
(anima), nem a Terra estava no centro do universo; e o platonismo que definia
tudo como perfeito e esférico também viajou na maionese....
Infelizmente a
defasagem entre o conhecimento disponível e a praxis social é imensa... Sim,
tudo inequivocamente se resolve no
cérebro... Nossa fabriqueta de emoções na verdade é o hipotálamo... Mas
isso só descreve a realidade... Continuamos sentindo emoção pura, descrevendo
como sentimento na linguística, e nos relacionando do mesmo jeito... Só que
podemos expandir a experiência tirando os maus entendidos do caminho... O
grande problema aqui é ‘tão simples’, mas não é fácil de aceitar, e de entender...
Estamos treinados na ‘achologia’, mas estamos acostumados a ‘tomar ciência a
partir de evidências’...
A emoção pura é
resolvida no cérebro, e é pura... De certa forma, involuntária... O sentimento
é a descrição verbal da emoção sentida... E o sentimentalismo é a descrição de
uma emoção que não existiu, rssrsrsrsr... Ou seja, sentir emoção pura é o
máximo... Conto o meu tempo vivido pela emoção sentida... Emoção... E o que nos
torna muito humanos é a capacidade de compartilhar emoções, pela fala... Pela
língua... É nesta hora que surgem os termos de referência, os sentimentos...
Claro que o que sinto como "êxtase", deve ser bem diferente da dona
Maria, mas descrevemos da mesma forma, com a mesma palavra... Ou seja, na fala,
na língua, perdemos algo...
Busquei a
companhia de pessoas que pudessem se aproximar da minha percepção da vida e sensibilidade, para
compartilhar com elas pura emoção... Curto isso... Acho sublime
compartilhar... E melhor ainda quando podemos compartilhar a mesma percepção
sem emitir som... Sem palavras... O "efeito residual" da dualidade
corpo e mente, em nosso tempo, está travestido na discussão ‘razão vs
sentimento’... Costumo parafrasear Pessoa, ‘o sentimento é apenas alimento para
o meu intelecto’... Não existe tal
divisão... A maior prova disso é que homens sensíveis como Drummond, Neruda,
Pessoa, Borges, Chaplin, Jorge Amado, Veríssimo, Eco, Varella, foram ou são eminentemente
céticos... Onde está o problema com estes caras, rsrsrsrs? Não pensam ou não
sentem? Todos céticos, todos cientes de que não existe nem alma, nem separação
entre razão e sentimento...
Nossa
sensibilidade é ‘atiçada’, sobretudo, pela inteligência... E inteligência, no
meu conceito, é a ‘medida da capacidade de reconhecer padrões’... Parece pouco,
parece frio, mas não é... É a verdade, é simples, e maravilhosa... A
neurociência responde por esta disciplina...
O maior problema,
como disse, é que nossa fantasia está treinada, nosso senso de realidade não...
Sentir a força de encarar a realidade, e ainda assim seguir maravilhado, é a
essência de uma vida que vale a pena ser
vivida... Será sublime, poética e ÚTIL...
Beijos, e cama,
rsrsrsr...
Carlos Sherman