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sábado, 30 de abril de 2011

- Ficou com alguém? – Fiquei... – Fiquei com Epstein-Barr...


- Ficou com alguém? – Fiquei... – Fiquei com Epstein-Barr...

A “ficação” crônica, geral e generalizada, é o barato dos últimos tempos... Mais ou menos como uma competição para ver quem “beija” mais no espaço de uma “balada”... Será que “beija” mesmo??? Será que esse beijo é realmente um beijo??? Será que estes “beijos”, seriados, são como: “seus beijos são de mel de boca, são os que sempre pensei dar, e agora e minha boca toca, a boca que eu sonhei beijar”... Fernando Pessoa tinha outra coisa em mente quando quis beijar... Ou como o “beijo” de Drummond, “Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinito”... Acho que os beijos seriados não são BEIJOS, acho que não são nada... Acho que ditos beijos são um problema de saúde pública... 

Sair por ai lambuzando de estranhos, pelo espaço ínfimo de alguns “amassos”, iniciados antes mesmo da elementar apresentação, “meu nome é”, “muito prazer”, “boa noite”... Pra que??? Perda de tempo... Existem outras pessoas pra beijar... E os “amassos”, não raro, terminam sem o rito básico da despedida educada, “foi um prazer te conhecer”, “boa noite”, ou mesmo um singelo “tchau”... 

Longe de alimentar moralismos, de qualquer espécie, falo aqui de racionalismo... Pra variar... Prezo o respeito próprio... Prezo pela existência de algum sentido, por menor que seja, compartilhar nossa intimidade... Acho que um BEIJO de verdade, é um gesto de entrega semelhante ao glorioso ato sexual... “O seu exército invadiu o meu país”, sentenciou Herbert Viana... O beijo é o desfecho do encontro de um par... O beijo convida a viver, por um tempo, ou uma noite, ou uma vida... Assim como considero o ato de dormir juntos, ainda mais íntimo do que o sexo... O beijo não é o fim... O beijo é parte importante do começo, e será fundamental na manutenção de um bom relacionamento...

Mas o “beijo seriado” não sabe o que é sensibilidade, nem intimidade, e nem entrega... O seu impulso vem da cultura da banalidade geral... Tremenda demonstração de falta de auto-estima, falta de amor-próprio, e descaso com a saúde... Se viver de forma estúpida, está em moda, pouco podemos fazer, a não ser lamentar... "Cada um no seu quadrado"... Mas estamos diante de uma EPIDEMIA... 

“Um dos seus ficantes de ontem” por ter sido o terrível Epstein-Barr... Um pegador implacável... Implacável sim, ele pegou quase todo mundo, e marcará você por toda a vida... Deixará você louca por ele... Molhadinha, de febre... E deixará você inchada por dentro... Amígdalas, fígado, baço... E ao invés de amor, este será mais um caso de MONONUCLEOSE... 


“Quem vê cara não vê Vírus” - Rosinha


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Drauzio Varella, que dispensa apresentações, entrevista o Dr. João Mendonça, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia e diretor do Serviço de Moléstias Infecciosas do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, sobre a doença:

Drauzio – É justificada a fama de doença do beijo que a mononucleose tem?

João Mendonça – É uma fama justificada. Tendo em conta que a saliva é um dos veículos de eliminação do vírus, o beijo facilita sua transferência para a pessoa que ainda não foi infectada. Além disso, como a mononucleose tem pico de incidência entre os15 e os 25 anos, ou seja, entre adolescentes e adultos muito jovens, o beijo está diretamente implicado na transmissão do vírus pelo menos nas populações socioeconômicas mais diferenciadas.

Drauzio – Para o vírus ser transmitido é necessário haver contato íntimo entre as pessoas, ou ele pode ser transmitido pelas gotículas de saliva que eliminamos ao falar ou a tossir como acontece na tuberculose, por exemplo?

João Mendonça – O vírus da mononucleose é muito sensível às condições ambientais, de maneira que permanece viável por curto intervalo de tempo, o que dificulta sua transmissão se não houver contato muito estreito entre as pessoas. Essa é a razão pela qual a doença não é vista, a não ser excepcionalmente, em condições de surto simultâneo dentro de uma família. Na maioria das vezes, ocorrem casos esporádicos, com alguns portadores transitórios em determinado meio, de tal sorte que a pessoa com mononucleose não tem notícia de outro caso no círculo em que convive.

Drauzio – Quando um adolescente não infectado entra em contato com a saliva de uma pessoa contaminada pelo vírus, qual caminho esse vírus desenvolve no organismo?

João Mendonça – A porta de entrada é a mucosa da boca e a faringe da pessoa que não teve contato anterior com o vírus, mas as células do tecido linfóide são o alvo da infecção pelo Epstein-Barr, que faz parte da família do herpesvírus Admite-se, também, que ele possa infectar as células epiteliais da faringe e que essa infecção explique por que esse vírus esteja implicado no aparecimento do carcinoma da nasofaringe.

Drauzio – Portanto, o mesmo vírus que provoca a mononucleose, em algumas pessoas mais susceptíveis, pode provocar doenças malignas...

João Mendonça – Como boa parte dos herpesvírus, o Epstein-Barr traz consigo certo potencial oncogênico e relaciona-se com o carcinoma de nasofaringe (mais prevalente nas populações orientais) e com alguns tipos de linfoma. Aliás, esse vírus foi identificado pela primeira vez na África, em crianças com linfoma de Burkitt, ou linfoma africano. Hoje, ele parece estar envolvido com outros tipos de linfomas, como é o caso dos linfomas da célula T.

Drauzio – Depois de atingir a faringe e infectar o tecido linfóide, qual o destino do vírus?

João Mendonça – Nos linfócitos classificados como linfócitos B, há um receptor específico para esse vírus. Neles, o Epstein Barr se prolifera e invade a corrente sangüínea, provocando viremia, pois espalha-se por todo organismo humano onde existam células linfóides. Portanto, a doença dissemina-se pelo fígado, baço, medula óssea e gânglios linfáticos.

Drauzio – Quais são os principais sintomas da mononucleose?

João Mendonça – A febre é sintoma obrigatório da doença. O comprometimento de toda a garganta e da faringe é intenso, com formação de placas brancas e exsudato (líquido com alto teor de proteínas e leucócitos) que lembram as lesões da candidíase (sapinho) e da difteria, doença comum no passado, mas pouco freqüente hoje em dia. Os gânglios linfáticos avolumam-se, particularmente os do pescoço, e a infecção também pode provocar alterações no fígado e no baço.
Característico da mononucleose, porém, é o enorme aumento do número de linfócitos no sangue e, o que é muito sugestivo, a aparência anormal que uma parcela deles adquire. São os chamados linfócitos atípicos que, detectados no hemograma realizado rotineiramente nas doenças infecciosas, valorizam a possibilidade de tratar-se de mononucleose infecciosa.

Drauzio – Em quanto tempo o quadro clínico deve regredir?

João Mendonça - A regressão é lenta. O mal-estar e a indisposição levam algumas semanas para passar e os gânglios, um ou dois meses para retornarem ao tamanho normal.

Drauzio – Por que uma pessoa tem mononucleose quando infectada pelo Epstein-Barr e outra desenvolve câncer por causa desse mesmo vírus?

João Mendonça – A infecção do Epstein-Barr é crônica e latente. Provavelmente, quem se infecta não se livra mais do vírus, que fica seu companheiro ecológico para sempre, o que, aliás é uma particularidade de toda a família dos herpesvírus. Quem vai definir se esse estado de latência irá evoluir para uma doença proliferativa maligna é o próprio indivíduo, sua genética, seu estado de imunocompetência ou de imunodeficiência.

O Epstein-Barr é um vilão temido nos transplantes de medula óssea, uma vez que a deficiência imunológica é séria nos pacientes transplantados e ele é um oportunista perigoso. Confira a entrevista completa antes da próxima balada:

2 comentários:

  1. Boa noite Sherman

    Concordo com o exposto aqui. Certas coisas se tornaram tão efêmeras e superficiais...
    Gostei do tom conscientizador.

    Um abraço

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  2. Obrigado querida... Beijos...

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